Da série Coisas Odiosas Sobre a Italia, Além do Fato dos Italianos Fumarem Demais
O Sistema Bancario de Cro-Magnon
Eu jah devo ter comentado isso aqui, porque a coisa é tao ridicula que às vezes me dah vontade de chorar. Mas essa semana foi demais.
Tudo bem que o brasileiro usa cheque exageradamente, na minha humilde opiniao, mas aqui a coisa é de matar, porque praticamente soh as empresas usam cheque, pra pagar fornecedores etc. E a coisa funciona assim: no talao tem o numero da conta (que nao é impresso, mas FURADO no talao, a mao, numa maquininha do tempo de Dom Joao Charuto), mas nao o nome do titular. O dono da conta tem que assinar o cheque, logico, mas quem recebe também. E pra depositar o cheque o dono da conta a creditar tem que autorizar o banco a faze-lo.
A idéia deles de cheque em branco é escrever non-transferibile numa parte do cheque especialmente reservada pra isso. Mas outra pessoa pode descontar um cheque nominal, mesmo que nao seja pra ela, e ninguém pede documento. Outro dia fui trocar um cheque que era o salario de um dos marroquinos que trabalham pro Mirco. Nao acho qeu eu tenha cara de Nakkira, mas mesmo o cheque sendo nominal a ele me trocaram sem perguntar nada.
O cheque realmente em branco tem escrito M.M. na parte “pagar a”. M.M. significa “me medesimo”, ou mim mesmo. Em teoria qualquer pessoa com um cheque desses nas maos poderia descontar, né, jah que o destinatario nao é especificado. Mas naaaaao…
Ontem a mula do meu chefe me pagou com o cheque de um banco onde eu soh fui uma vez. Lah fui eu, toda fagueira, trocar o bichinho, e lah vem o Mirco cortando o meu barato:
– Onde voce vai?
– A (crase) Banca dell’Umbria, sacar o cheque, ué.
– Mas ninguém lah te conhece, nao vao trocar.
Na Italia é mais facil descontar um cheque nominal a uma outra pessoa do que um em branco.