Quando o radio do carro

Quando o radio do carro da Marta começou a tocar Tribalistas (eu juro. Tocou Ja Sei Namorar em Bastia, senhores. Se isso nao é um sinal de que o fim do mundo se aproxima, eu nao sei o que é), eu deveria ter saltado do carro correndo, ali mesmo, na estrada, e voltado pra casa a pé. Mas naaaao. Lah fomos nos parar no Etoile 54, boate fora de Bastia cujo publico é, em sua imensa maioria, formado de… adolescentes. MUITOS adolescentes, um enxame deles. Faço entao um breve relato do que foi a minha noite lah:

Meninos de paletoh xadrez, meninos de terno e gravatona (a moda aqui é gravata larga, com um nozao ENORME), camisas de colarinho bem alto, terno + tenis muderno, cabelos masculinos cheios de gel, nas seguintes versoes: todo penteado pra frente, penteado para o alto estilo porco-espinho, penteado para o alto no meio da cabeça tipo tomahawk, achatado na cabeça na frente e arrepiado atras; meninas de mullet, meninas de mini-saia pregueada, scarpins, scarpins BRANCOS (heresia, heresia!), calça de boca estreita + bota/scarpin, meia arrastao + bota/scarpin, CANELEIRA por cima do scarpin (aquelas caneleiras de fazer ballet, de la), sobreposiçoes mil, maquiagem pesada estilo “nossa, voce soh pegou sol no rosto? porque o resto do corpo continua branco, mas a cara tah bronzeadérrima”, vestidos com decotes vertiginosos nas costas. Nao esqueça de botar um Marlboro pendurado na boca de cada um desses adolescentes, e voces podem imaginar a cena. Aih começam a tocar musicas italianas de sucesso nos anos 70, 80. Delirio total. Tipo assim Frenéticas tocando no final da festa, quando todo mundo, bebado, começa a abrir suas asas e soltar suas feras. O horror, o horror.

Aih começa a tocar uma musica em italinao, com o seguinte refrao: Cacau, maravilhao… Os amigos de escola da Marta, obviamente bebados, me tiram pra dançar. “Brasil!Maravilhao!” E pra explicar pra bebado que maravilhao nao faz parte do nosso vocabulario?

Aih começo a sentir nauseas. Eu tenho periodos de nausea, de vez em quando; semanas onde tudo me enjoa. E nao tem nada a ver com o ciclo menstrual, simplesmente acontece de tudo me enjoar, fazer o que. Num ambiente fechado onde milhares de adolescentes cafonas fumam Marlboro e outros mata-rato, nao tem jeito: enjoei brabo. Dessa vez nao vomitei, como quinta-feira passada, voltando do bar, onde eu, alias, soh tinha bebido um copo de coca-cola. Mas neguinho fumando non-stop em lugar pouco ventilado tem esse efeito sobre mim. Enjoo mermo, e se a coisa for braba, acabo vomitando. Meu sonho é vomitar em cima de algum fumante. Um dia ainda vou conseguir, juro.

Aih vamos embora. Chuva. Marta de scarpin preto machucando os pés, tira os sapatos pra dirigir. Eu com dor de garganta, enjoo e a sensaçao de uma bela noite de sono jogada fora.

Hoje acordo gripadérrima, com febre. Ettore passa aqui pra me levar pra oficina, brinco com Legolas, passo o aspirador de poh no escritorio que tava cheio de pelo, Ettore conserta uma escada que tava quebrada, fechamos a porta da oficina com doh (Leguinho queria vir embora com a gente, coitado), ele me deixa em casa. Faço um bife, cagando toda a cozinha de gordura, e batatas e repolho no forno com alecrim. Bato papo no icq, nao aguento de dor de cabeça, tomo um paracetamol e vou dormir. Acordo. Quem disse que tenho forças pra traduzir? Pra digitar esse post foi um parto, uma dor de cabeça atroz, os dedos errando as teclas, voltando pra corrigir a cada 5 toques.

ODEIO FICAR DOENTE.

Chove lah fora e aqui faz tanto frio. Me dah vontade de saber…

Enfim.