Respondendo à pergunta que nao

Respondendo à pergunta que nao quer calar: o ovo de avestruz jah foi aberto, consumido e no momento encontra-se repousando sobre o beiral da janela da cozinha que em breve nao serah mais minha. Quinta-feira FeRnanda passou aqui com o Fabio e fomos pra Rivotorto, casa da Nadia, a outra brasileira. Aldo, o marido de camisa florida, com paciencia de Joh e uma faca de serrinha cortou fora uma calotinha do ovo, cujo conteudo foi delicadamente versado numa tigelona. Caraca, era ovo que nao acabava mais, uma gemona gigantesca! Eles tinham colhido aspargos selvagens no dia anterior, e rolou uma omelete de aspargos selvagens que mais parecia um sufle, de tao alta. Ficou boa, mas nada de excepcional, o que nos leva a crer que o ovo melhor é o de galinha mermo e ponto final. Depois rolou macarrao com aspargos e gorgonzola, vinho feito em casa, licores estranhos feitos em casa, e pronto. Eu teria curtido mais se nao estivesse tao emocionalmente destruida. Mas de qualquer maneira foi uma noite toda em Portugues, com gente legal e muita risada, e soh por isso jah valeu super a pena.

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Ontem fui ver um apartamentinho em Cannara, perto de Assis. O lugar é meio fora de mao, ainda mais pra quem é total, absolutamente sozinha como eu, e sem meio de transporte – a bicicleta é do lanterneiro. Mas é uma casinha, com tudo novinho – coisa rariiiiissima por aqui – e bonitinho, um banheiro decente, cozinha toda zero-bala. E ainda dah pra levar o Legolas, os proprietarios, dois senhores super simpaticos, ficaram de fazer uma cerca pra ele nao fugir pra estrada e correr o risco de ser atropelado. Os velhinhos moram no andar térreo de um predinho baixo, e alugam os apartamentos de cima a estudantes (o lugar fica perto da faculdade de hotelaria e turismo que tem em Santa Maria degli Angeli), e o vizinho de casinha (o “apartamento” que eu queria alugar é a metade dessa casinha) nunca tah em casa, porque trabalha com exportaçao e vive viajando. Os problemas:
1. Eh isolado. Nao dah pra fazer compras a pé, e quando bater a depressao nao vou ter nem um cinema pra ir.
2. Eh longe da Marta e da FeRnanda, minhas duas amigas aqui.
3. Eh perto do lanterneiro. E o lanterneiro doi, doi muito.

Tem um apartamento atras da casa da Marta, a dois passos do supermercado e do cinema de Bastia, com gramadinho pro Legolas e tudo, mas soh estarah livre a partir de agosto. Hoje vou lah falar com o proprietario pra ver se ele vai meeeesmo me alugar ou vai chegar na hora e arrumar um primo qualquer que precisa do apartamento. Se rolar, peço ao Chefe Meio Idiota pra me alugar por esses dois meses o apartamento que ele tem em Castelnuovo (leia-se lah na casa do caralho). Dois meses de isolamento pra depois passar a morar bem valem a pena. Se nao rolar, Cannara, lah vou eu. Sozinha com meu canideo preto, sem tv e sem computador.

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Fui tirar foto tres por quatro hoje, pra fazer a carteira de identidade semana que vem, e fiquei impressionada com a minha cara. Tudo bem que ninguém sai bem em foto tres por quatro, mas o vazio do meu olhar me impressionou. Depois conto a reaçao do funcionario do Comune quando for colar a foto na carteira e se der conta do estado de catatonia da requerente (eu).

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Hora de comer, Suellen chama. Omelete de milho e presunto, e salada de alface com alface.