O fim de semana foi

O fim de semana foi ótimo, tanto em termos gastronomicos como de companhia. Lá fomos nós a Faenza no sábado depois do almoço. A estrada é uma bosta: tem um pedaço que tá em obras há anos por conta de uma fraude descoberta na empreiteira responsável (opa!). A paisagem muda radicalmente quando se entra na Emilia-Romagna; difícil explicar exatamente o que muda, mas as plantações são diferentes, tem menos azeitona – a Umbria é lotada de azeitona – e mais pedregulhos, as colinas são menos suaves, sei lá. A viagem foi curta, umas duas horinhas e pronto, e sem imprevistos, além da quase dormida do Mirco no volante que nos levou a parar num beira-de-estrada pra ele tomar um café e dois picolés.

Já na periferia da cidade, o lanterneiro vê um caminhão encostado num estacionamento abandonado onde outros carros estão parados, e encosta. São poloneses vendendo coisas estranhas da ex-URSS – ferramentas, instrumentos cirúrgicos, binóculos, capacetes de couro, ímãs, botas, e outras coisas igualmente interessantes. Os caras encostam, montam as barraquinhas – ou melhor, mesinhas -, e ficam ali parados esperando neguinho passar e parar. E o pior é que neguinho passa e pára mesmo – e não tinhamos só nós, mas váaarias outras pessoas, incluindo algumas senhoras cujo interesse nas pontas de furadeira e nos alicates e chaves inglesas eu não consegui entender. Saímos de lá com um porta-agulhas, dois pares de pinça de dissecção, duas coisas estranhas que achei geniais – tipo canetas que se esticam e viram tipo uma antena daquelas que se usam pra apontar no quadro-negro, com a ponta magnetizada pra pescar parafusos e outras coisas metálicas que adoram se esconder em cantos escuros e inacessíveis e debaixo de móveis e carros -, quatro alicates poderosos, duas chaves inglesas idem, e aqueles negocinhos de ferro com números e letras em relevo na ponta, que você bate com um martelo pra marcar numeração em baixo-relevo em peças industriais, chassis de carro etc. Tudo muito interessante.

Depois de uma leve perda de direção – lanterneiro, além de odiar dirigir, não tem o menor senso de direção, e eu não sou muito melhor que ele, ainda mais sem mapa na mão – finalmente conseguimos chegar na casa da Fran, que mora bem no centro, num apartamentinho legal. Depois de uma volta na cidade, que é um pouco maior que Bastia e muito bonitinha, fomos jantar em um fim do mundo lindinho chamado Terra del Sole, num restaurante chamado Osteria del Capitano. O menu é todo confuso, escrito em dialeto com a tradução em italiano do lado. Comemos super bem: de aperitivo, uma coleção de bruschettas e pera em cubinhos com queijo pecorino derretido (eca); de primo piatto eu mandei ver de pappardelle (uma massa mais larga que o talharim, é a minha preferida) verde com molho bolonhesa e muito parmesão, o lanterneiro tortellini recheados com ricota e espinafre com molho de tomate-cereja e manjericão, Fran talharim verde e amarelo com legumes, e o Marco, o marido simpático e bonitão dela, massa curta com molho à bolonhesa. Depois eu e Mirco dividimos pedacinhos de filé no azeite com alecrim, e Fran e o Marco os mesmos pedacinhos em vinagre balsâmico. Infelizmente a casa não tinha NENHUMA sobremesa com chocolate, e por isso só eu fiquei sem sobremesa… Não como nem zabaione nem panna cotta (esse último um pudim meio tabajara), então fiquei só na vontade.

Ontem todo mundo levantou tarde – eu acordei cedo mas tinha o Harry Potter me chamando, entao fiquei lendo – e depois de passar na agência onde a Fran trabalha, pra conhecer (a casa é LINDA e fica num lugar LINDO! Só achei o banheiro, todo afrescado e grande pra caramba, assim meio esquisito; eu ficaria inibida de fazer xixi num banheiro assim tão espaçoso ;), fomos dar uma volta em Brisighella, cidadezinha ali perto. Tem uma fortaleza antiga que tava fechada, depois caminhamos um pouco numa trilha até a torre do relógio, e voltamos pra casa, todos já azuis de fome. Fran e Marco tinham feito feijoada no dia anterior e torta de frango com palmito de manhã cedo, então eu fiz o arroz, a farofa, o pão de queijo; o Marco fez a caipirinha com a Nega Fulô que eles acharam dando sopa em cima do armário, tiramos a cerveja da geladeira e comemos até morrer, porque tava tudo ótimo. Claro que depois do almoço só nos restou dormir, e depois nos mandamos.

Na volta ainda passamos no cinema pra ver Charlie’s Angels 2. Eu adoro esses filmes despretensiosos, e tenho que dizer que a Cameron Diaz tá cada vez melhor como atriz cômica. Morro de inveja desses filmes, que devem ser divertidíssimos de gravar, além das roupas delas serem bárbaras hehehe

E aí hoje de manhã me sinto ainda no domingo, estou toda lenta lesada lerda meio baiana, e isso tá me irritando. Ainda bem que sei que depois passa, meus ataques de lerdeza nunca duram muito.