Impressionante a quantidade de gente que me escreveu enchendo o saco porque eu nao gostei da Alemanha. Ninguem nunca ouviu falar que gosto nao se discute? Porra, achei Berlim uma droga sim, é problema meu, por que toda essa encheçao de saco? Nao tenho o direito de achar uma cidade horrorosa, suja, fedorenta, e as pessoas igualmente horrorosas, sujas e fedorentas? Cade a liberdade de expressao? Eu, hein…
Pode ser que eu tenha ido aos lugares errados. Tipo, Lubeck é linda. Dizem que Munich é linda. Nao deu tempo pra ir, e também nao teria dinheiro, porque as passagens de onibus e trem custam uma fortuna, praticamente tres vezes os preços das passagens aqui na Italia. Pode ser que tenha me faltado alguém que morasse em Berlim pra me mostrar as coisas bonitas de lah. Mas posso dizer que rodei bastante, fomos em praticamente tudo que é lugar que o guia turistico indicava, e achamos TUDO uma merda, fora o Tiergarten, que é bonito, mas é soh um parque, nada mais. Alias, nao foi soh opiniao nossa, mas de mais um bando de gente que estava no mesmo albergue – gente de tudo que é lugar do mundo, diga-se de passagem, e que achou Berlim uma droga. Varias pessoas inclusive foram embora mais cedo do que tinham programado, indo pra fora de Berlim, ou continuando o tour da Europa que muitos estavam fazendo.
Neguinho pode espernear, me encher o saco, me mandar spam, me telefonar torrando a paciencia, me chamar de futil (quer dizer que ter uma opiniao ruim sobre um lugar significa ser futil?), achar erro de Portugues que eu nao cometi, dizer que eu sou feia, que eu tenho cara de peixe morto, que as lambretas italianas sao muito piores do que o metro alemao, pode dizer o que quiser. Continuo achando Berlim uma merda, e nao tenho a menor intençao de voltar.
E, na boa: prefiro mil vezes viver numa cidade de transito confuso e lambretas assassinas mas onde pelo menos as pessoas sorriem pra voce, puxam conversa, gesticulam se nao conseguem se fazer entender, comem muito bem, cantam enquanto trabalham ou caminham na rua, onde as crianças de colo nao franzem a testa pra voce (como nos vimos umas quatro vezes na rua e no metro, em Hamburgo e em Berlim: crianças DE COLO ou no carrinho FRANZINDO A TESTA e encarando sério. Medo.), onde a mulherzinha do metro diz “next stop, Barberini” pros turistas entenderem, prefiro tudo isso do que a organizaçao do metro alemao. Um pouco de caos às vezes é bom; pelo menos é mais divertido, e se a gente nao se diverte, entao tah vivendo errado.