Jamais entendi esse lance de não conseguir acordar. Como todo mundo lá em casa já acorda acordado, só fui conhecer esse lado da humanidade, essa parcela da população que não funciona de manhã cedo, quando fui estudar em Valença, onde dividi quarto com a que hoje é a doutoríssima Hunka. A Hunka acorda mas não desperta, fica lá sentada na cama piscando, esfregando os olhos, meio apoplética, e leva um bom tempo pra recobrar a consciência. Como ela, milhões de amigos meus. Eu jamais consegui entender. Quer dizer, entendo que provavelmente é uma coisa constitucional, que você nasce com tendências matutinas ou não, mas caramba, deve ser muito ruim levar esse tempo todo pra despertar! O dia rende tanto quando você acorda cedo; é impressionante. Eu, por genética ou por hábito familiar, acordo já acordada e não preciso nem de tempo pra me ambientar, nem de café, nem de banho frio pra começar a funcionar. Acordo sabendo onde eu estou, onde está a porta, o que tenho que fazer; não fico me espreguiçando na cama, tenho pavor de ficar mofando na cama antes de levantar: acordo e levanto logo. Meu dia começa cedo; minhas manhãs são produtivas. Em compensação, depois do almoço minhas habituais rapidez e eficiência caem notavelmente. Depois que o sol se põe eu já fico meio depressiva. E não me chame pra nada depois das dez da noite, que meu sono vem cedo, e nada me destrói mais do que não dormir quando sinto sono! Até porque não consigo acordar tarde pra compensar, e se durmo depois do almoço me sinto O bagaço da laranja depois. Sou vampira ao contrário, completamente alérgica à noite…