sexta-feira, 5 março
Saímos de casa às quinze pras dez da manhã. O vôo saía às 13:45 do aeroporto de Pisa, mas é bem longinho daqui, por isso tanta antecipação. Mesmo assim chegamos na lata, mal deu tempo de comer alguma coisa antes de embarcar. Na nossa frente, na fila do embarque, uma bicha velha beijava seu companheiro, que ficou em Pisa. Tava tão ocupado se agarrando que simplesmente tinha se esquecido de fazer o check-in, e queria embarcar só com o numero da reserva eletrônica! Levou um esporro da mulherzinha que fica dando instruções ao pessoal tapado da fila.
Viajamos com a BasiqAir, companhia low-fare holandesa. A bicha velha sentou no corredor, na fila à minha esquerda. Na fila à frente dele, duas holandesas e um bebê que chorou muito no início do vôo. As duas conversaram o vôo todo e davam tanta risada que todo mundo já tava rindo junto com elas. De repente, um cheiro de cocô no avião a mãe do bebê resolveu trocar a fralda do garoto ali no banco, um fedor pavoroso, e a amiga só rindo, rindo, gargalhando. Dei muita risada também :) Na fila à frente delas, um casal de velhos holandeses e uma mulher-macho holandesa. Essa foi uma das últimas a embarcar, e, não achando mais lugar nos bagageiros próximos a onde ela estava sentada, acabou botando sua bagagem de mão no bagageiro bem em cima de mim. Ela veio pegar uma sacola de sanduíche e quando voltou pro seu lugar acho que pisou no pé do velho, que deu um grito de dor tão alto que todo mundo no avião parou pra ver o que ela. Começou então uma discussão estranhíssima em holandês, a coitada da mulher pedindo mil desculpas e tudo mais. Durou uns 2 minutos. Depois começaram a conversar amigavelmente e logo logo já estavam rindo do incidente. A senhora holandesa sentada do lado do Mirco, na janela, tinha comprado uma máquina de café espresso tão grande que não conseguia botar em lugar nenhum. Ajudamos a coitada a espremer o caixote no bagageiro cinco fileiras atrás, e ela ficou só sorrisos a viagem toda. Gosto desses holandeses; são simpáticos.
Rob, o namorado da Stefania, estava nos esperando no aeroporto de Schiphol. Stefania estava vindo de trem de Rotterdam e estava ligeiramente atrasada, como sempre. Demos umas voltinhas, cumprimentamos três afghan hounds que estavam com os donos esperando o filho deles que chegava de viagem, e fomos pegar o carro. Eram quatro da tarde, e decidimos aproveitar o resto da tardinha pra visitar Amsterdam correndo, já que estávamos lá mesmo.
Olha… AMEI. AMEEEEEEEEEEEI. A cidade é DIVINA. A arquitetura é uma coisa de louco: as casas são longas e estreitas e com amplas janelas tanto na frente quanto atrás, o tijolinho é o material mais usado, de todas as cores, formatos e combinações possíveis. Praticamente não existem persianas e são raras as cortinas: o máximo de privacidade é uma faixa de vidro opaco no meio da janela, ou tipo um quadro de vitrais coloridos apoiado na vidraça ou suspenso do teto através de correntinhas. De qualquer forma, dá sempre pra ver a janela do fundo da casa, que invariavelmente dá pra um jardinzinho fofo. Todo mundo bota alguma coisa bonita na janela: na maioria dos casos belíssimos vasos de flores, mas também vi gatos (de verdade e não), réplicas de veleiros, esculturas. A impressão que dá é que o pessoal bota essas coisas bonitas pra adoçar os olhos de quem passa na rua. O engraçado é que, apesar as janelas dando diretamente pra rua, e assim tão expostas, tão amplas, tão nuas, em momento nenhum tive uma impressão de invasão. As pessoas passam e olham porque é bonito, mas não ficam tentando ver lá dentro, fuxicando. Por outro lado, quem está do lado de dentro não tá nem aí: trabalham em seus computadores, tomam chá, brincam com os gatos, sem dar a menor bola pra quem está passando e olhando.
As casas ao longo dos canais são ligeiramente inclinadas pra frente, e têm um negócio perpendicular à parede, lá no alto, onde são instaladas roldanas quando há necessidade de levar móveis pra dentro ou pra fora de casa. Toda essa maluquice tem uma explicação, não menos maluca: como as escadas internas das casas são incrivelmente apertadas, perpendiculares e com degraus estreitos, não há mesinha de cabeceira no mundo que consiga passar por elas, quanto mais um sofá! Por isso as mudanças são feitas pelo lado de fora.
As ruas são limpíssimas e as bicicletas passam pra lá e pra cá sem incomodar ninguém. A quantidade de imigrantes é impressionante: segundo o Rob, são quase 40% da população da cidade. Há restaurantes e lojas especializadas de tudo que é nacionalidade: dos onipresentes turcos aos do Suriname. O cheiro de comida no ar muda a cada dez metros, dependendo do tipo de restaurante em frente ao qual você está passando.
Essa é o buraco pra correspondência na porta de uma casa em Rotterdam: o dono da casa colou um adesivo que explica o tipo de publicidade que ele quer ou não receber. Ja (sim) pra vendedores porta-a-porta, e nee (não) pra panfletos em geral. Muitas casas têm adesivos nee pras duas coisas. É sempre o mesmo adesivo; deve ser comprado em papelaria. Achei bem legal. Aqui na Itália muita gente cola um bilhetinho na caixa de correspondência de casa, dizendo que panfletos não são bem-vindos. Não é necessário dizer que tais bilhetinhos são solenemente ignorados pelos distribuidores de panfletos.
Passamos pelo bairro da luz vermelha. Casas de show pornô mostram muito, digamos, graficamente, em grandes fotografias, o tipo de espetáculo que oferecem. As prostitutas nas vitrines em neon vermelho falam no celular pra se distrair enquanto se exibem de sutiã e calcinha. A maior parte delas, previsivelmente, é imigrante, feia e gorda.
A noite vai caindo e os interiores das casas vão se iluminando. A cidade fica transparente: pelas grandes janelas vê-se perfeitamente tudo que está lá dentro. Muito estranho, muito bonito, muito tranqüilo.
Infelizmente não deu pra ver nada direito. O Rob é altíssimo e pernilongo e anda muito rápido (e olha que eu também ando quase correndo, mas não dá pra competir com aquelas pernas enormes). Além disso já estava escuro e chovendo, e as lojas fecham cedo, no final das contas não entramos em lugar nenhum, só demos umas (mil) voltas a pé mesmo. Mas valeu cada bolha no pé. Quero voltar com mais calma, na primavera ou no verão.
Pegamos a estrada e fomos pra Rotterdam, onde o Rob mora. Deixamos as malas em casa e fomos jantar no restaurante de um amigo dele. Veio outro casal de amigos, a Petra, filha de mãe tailandesa e pai também oriental, e René, muito simpático. A comida não era lá essas coisas, mas fazer o quê… Acho que estou ficando chata que nem os italianos. Tudo o que eu experimento de novidade eu acho uma porcaria e não trocaria por um bom prato de massa nem por todo o dinheiro do mundo. Mirco pediu risoto de legumes e uma carne, mas o cozinheiro achou estranho pedir as duas coisas (aqui na Itália seriam dois pratos separados, um primo e um secondo), achou que era comida demais e resolveu, por contra própria, juntar tudo no mesmo prato, em porções reduzidas. Engraçado foi que eu também fiquei indignada ;) A gente se acostuma a tudo nessa vida.
Estávamos cansados e morrendo de sono, então voltamos logo pra casa. O Rob é meio alternativo, e a casa dele é cheia de coisas esquisitas, o telefone fica no chão, o colchão idem, há quadros estranhos nas paredes. Mas ao mesmo tempo é muito legal. Stefania espalhou suas ervinhas aromáticas pela casa toda. E obviamente não faltam os vasos nas janelas.
sábado, 6 de março
Eu e Mirco acordamos cedo e com fome. Lá fora nevava sem parar, mas mesmo assim volta e meia passava um maluco de bicicleta embaixo da janela.
Ficamos batendo papo esperando alguém se levantar, mas tanto o Rob quanto a Stefania são meio lentos pra acordar, então descemos e fomos tomar café. Quando estávamos terminando a Stefania desceu, juntou-se a nós, trocou de roupa e fomos dar um passeio a pé, pra aproveitar que a neve tinha parado de cair (o tempo é muito louco por aquelas bandas, cruzes). Fomos ao supermercado, onde compramos várias coisas que nem sei o que são mas tinham embalagens lindas, e à farmácia. Quando voltamos o Rob já estava de pé e pronto pra sair. Pegamos o carro e fomos até a área portuária de Rotterdam. Vimos as casas-cubo, horripilantes mas até nelas neguinho bota flor na janela, não tem jeito.
Paramos num barzinho pro Mirco comer alguma coisa, que já era tarde, e depois fomos até a central do Spido, um barcão que faz um tour do porto. Achei muito pouco turístico porque porto é porto, pombas, é um saco de ver, mas até que deram algumas informações importantes: vimos um galpão-frigorífero IMENSO onde armazenam suco de laranja, quase todo vindo do Brasil; fiquei sabendo que o porto de Rotterdam é o maior do mundo em volume de carga e descarga de petróleo; e fiquei boba com o nível de automatização da coisa. Fiquei com a impressão de que nós no Brasil estamos anos-luz atrás.
Voltamos pro centro e fomos pra um barzinho enorme, de pé direito altíssimo, super descolado e cool, chamado Dudok. Comemos uns belisquetes, alguns super picantes mas deliciosos, uns croquetes de carne típicos da Holanda, e pedaços de um queijo típico holandês que gruda no céu da boca. Àquela altura do campeonato já eram seis e meia, e não nos restava nada além de voltar pra casa e nos preparar pro jantar duas horas depois, num restaurante de comida da Indonésia que o Rob tinha reservado.
O tal restaurante é o seguinte… Achei a comida uma merda, mas já falei que estou virando xenófoba alimentar feito os italianos, então não levem muito em conta a minha opinião. Nós pedimos uma coisa chamada rijsttafel, palavra holandesa (não me perguntem a pronúncia, que língua miserável esse holandês! É bonito de ler, cheio de duplas vogais esquisitas, mas falada é pior que alemão, vou te dizer) que significa mesa de arroz. Em teoria seria uma combinação de vários tipos de arroz, mas é uma combinação de vários pratos da culinária da Indonésia. Claro que ninguém come assim na Indonésia, mas a coisa foi pegando e acabou virando um clássico em todos os restaurantes desse tipo na Holanda. A rijsttafel é mais um exemplo de bobeira adaptativa, como o biscoito chinês da sorte que não é chinês coisa nenhuma mas uma invenção americana que acabou colando.
A comida é TODA picante. Não havia NADA de não-picante em toda a mesa e olha que eram 22 pratos. Muitas coisas agridoces, combinações bizarras (que tal côco frito com vagem?), um molho de amendoim que é uma das coisas mais horríveis que eu já experimentei na vida. Acabou que comemos pouquíssimo; eu e Mirco porque não gostamos de nada e Stefania porque é vegetariana. Rob mandou ver. A conta veio tão picante quanto os pratos. Fomos dormir sonhando com um prato de pasta al pomodoro e basilico, tão simples e tão maravilhoso.
domingo, 7 de março
Chovia muito, MUITO, quando acordamos. Eu acordei cedo com as crianças do vizinho de cima, que marcham pra lá e pra cá pela casa o dia todo. Tomamos banho e descemos pra tomar café. Começamos a ver Como Água para Chocolate em DVD enquanto o Rob não descia (que filme bobo!) e acabamos saindo sem ver o final. Fomos procurar moinhos e acabamos indo parar em Kinderkijk, não muito longe de Rotterdam. A paisagem é de tirar o fôlego, e ainda demos sorte que o sol deu uma saidinha e cheguei até a tirar as luvas e o cachecol em alguns momentos. Claro que sem vento os moinhos não giram, mas considerando o clima, foi melhor assim. Se estivesse ventando eu não teria saído do carro nem por um milhão de moinhos cravejados de diamantes.
Pois é, então, os moinhos. São lindos, lindos, lindos. Há moinhos velhos e novos, todos limpos, pintadinhos, habitados, com jardinzinhos atrás, com patinhos nos canais. Originalmente eram usados pra bombear a água, eterna inimiga dos Países Baixos, de volta pros rios, tornando assim habitáveis, cultiváveis ou pastáveis terras que de outro modo estariam sempre submersas. Alguns moinhos são abertos ao público na primavera. Mais uma razão pra voltar…
Passamos na casa do Fred, irmão do Rob. Ele é decorador e tem um jardim japonês muito maneiro. Digo maneiro e não bonito porque eu detesto a estética oriental. Mas o cara caprichou nos bonsais e nas carpas, e o efeito ficou bárbaro. Dentro de casa, a coleção de peças de arte em vidro do cara, toda exposta com lampadinhas embaixo! A casa parece um museu! E cada peça de vidro que dava até medo, de tão feia. Alguns belos vasos de Murano, mas a maioria uma droga contemporânea que eu não botaria na minha casa nem se me pagassem. Nenhum grão de poeira em lugar nenhum da casa. A mulher, SUPER simpática apesar da pesadíssima maquiagem, veio nos receber com uma calça de couro justa (veja bem, esse casal tem uns 45 anos), botas de salto alto e uma malha preta com bordados brancos na frente. Eles estavam esperando uns amigos pra irem juntos a uma mostra de peças em vidro. Quando chegam os tais amigos, surprise! A mulher com a mesma malha da dona da casa, calça de couro e bota de salto! Demos muita risada, porque a coisa não foi combinada, nem elas sabiam que a outra tinha uma malha igual! Ficamos lá ainda enrolando um pouco, morrendo de medo de respirar mais forte e fazer cair alguma preciosa e horripilante escultura de vidro, e fomos embora.
Fomos procurar um lugar pra comer antes de ir pra Bruxelas, de onde saía o nosso vôo pela Ryan Air. Acabamos indo parar em Dordrecht, clássica cidadezinha holandesa com as clássicas casinhas de tijolinho e os clássicos vasos de flores nas janelas. O único lugar aberto era tipo um diner. A dona falou que nos tínhamos que comer correndo e ir embora, porque o lugar estava reservado pra um aniversário a partir das duas e meia. Tudo bem, só que a comida não chegava nunca! Os donos da festa todos emperequitados, correndo pra lá e pra cá botando as mesas, ajeitando enfeites, espalhando bandejas com salgadinhos, e nos bem no meio do salão, esperando nossos croquetes com batata frita. Depois de horas a comida chegou, e saímos correndo assim que terminamos.
Dormi no carro no caminho pra Bruxelas, mas do pouco que vi da estrada o estilo arquitetônico muda muito pouco entre um país e outro. O aeroporto de Charleroi é microscópico e estava cheio de gente esquisita. Muitos mochileiros americanos, que hoje podem perfeitamente rodar a Europa com as companhias aéreas low-fare, em vez de usar o trem.
O avião era novinho, a tripulação simpática, e o único lugar vazio era a poltrona do meu lado. Consegui me esticar e tirar uma sonequinha que depois veio a ser providencial, porque levamos séculos pra chegar em casa. Toda vez que voltamos da Toscana erramos a saída de Firenze que temos que pegar, e dessa vez não foi diferente. Demos uma volta danada. Ainda por cima teve um acidente muito grave bem antes da nossa saída pro anel rodoviário de Bettolle-Perugia, e ficamos parados 40 minutos ouvindo música e sem saber o que estava acontecendo. Chegamos em casa quase meia-noite, fizemos um risoto Knorr e fomos dormir.
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Engraçado como o conceito de casa é relativo, subjetivo, mutável, diáfano, instável, momentâneo, provisório. Só sossego quando começo a ver as placas de lugares conhecidos: Foligno, Gubbio, Assisi, Terni. Quando saio da Toscana e entro na Umbria já me sinto em casa; vou observando a já familiar paisagem do Lago Trasimeno, as saídas pras belas cidades em torno ao lago, primeiro Tuoro, depois Magione, Passignano, e logo depois já estamos em Corciano. À esquerda vejo a gigantesca concessionária Fratelli Montagna, que enriqueceram vendendo Ford, Mazda e Jaguar; depois a concessionária Ferrari e Maserati, ao lado da Casa del Lampadario e da fábrica de brinquedos; à direita o Warner Village, os cinemas do centro commerciale Gherlinda. Começam as saídas pra Perugia: Ferro di Cavallo, Madonna Alta, San Faustino, Prepo, Piscille, todas conhecidas, amigas, familiares. Entre uma saída e outra, entre um túnel e outro, vemos as torres e as luzes de Perugia nas colinas. Depois vem a saída pra feia Ponte San Giovanni, que também leva a Torgiano, formando um trevo perigoso perto da concessionária Mercedes-Smart e da loja de eletrodomésticos. Continuamos na direção de Assis, e passamos à direita do centro commerciale Collestrada, onde fica o Ipercoop, hipermercado onde adoramos fazer compras. Continuamos na pista da direita, ignoramos a saída pra Ospedalicchio e pro mini-aeroporto de Santo Egidio (perto de Ripa, onde a FeRnanda vai morar), oba, tamos chegando, à esquerda a Scai, revendedora de tratores, à direita mais à frente a Scarpe & Scarpe (Sapatos & Sapatos), a loja com o letreiro mais horrendo do mundo, depois a Divani & Divani (Sofás & Sofás), a Conbipel, loja de roupas onde trabalha a dona do nosso apartamento, a Metro, um supermercado tipo Makro. Pegamos a saída Bastia Umbra Nord, giramos à esquerda pra pegar a Via Cipresso, cujas transversais todas têm nomes de capitais européias: Vienna, Londra, Mosca (Moscou), e a nossa, que fica em frente à via Lisbona, onde aliás mora o Fabrizio o Louco. Chegamos em casa.
Home is where the heart is. Mesmo.
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Quanto mais eu giro por aqui, quanto mais coisas bonitas e civilizadas eu vejo, mais eu me convenço de que o Brasil é uma merda. É uma merda enorme, fedorenta, petrificada no tempo e no espaço. É uma merda porque poderia ser, de verdade, o melhor país do mundo pra se viver, uma potência mundial que os outros países não teriam nem vontade de invejar porque somos legais, alegres, criativos, comemos bem, falamos uma língua linda. Mas não é, e esse desperdício é incrivelmente irritante.. O Brasil é um país de merda, que suga e inutiliza todos os esforços dos pouquíssimos felizardos que tiveram a imensa sorte de ter recebido, além de uma boa educação formal, uma boa educação em casa, e querem mudar as coisas. A gente nada, nada, nada e morre na praia, exausto, sfinito. O resto, a massa, acha tudo ótimo. Todo mundo fala que uma coisa legal no Brasil é que o brasileiro ri sempre, mesmo estando na merda. Não acho isso nada legal, muito pelo contrário. Um pouco de revolta nos faria muito bem. Mas somos preguiçosos, acomodados, pacíficos demais, índios demais. Basta uma bunda rebolativa pra esquecer os sapos que engolimos todo dia, toda hora, o tempo todo. O Brasil é uma sanguessuga. Uma sanguessuga muito da desgraçada, porque a gente sente saudade dela quando está longe.
Mas eu acho que o Brasil não tem jeito. O prognóstico de um país cujo povo acha super normal jogar lixo na rua é sombrio, muito sombrio.