Promessa é dívida

Os quatro pimpolhos na mala do meu carro, sábado à tarde. Notem o comprimento ainda discreto da língua do Legolas.

Esses buracos no chão são feitos pelos javalis, que saem do bosque (a área do Monte Subasio é um parque nacional e há várias zonas de bosque, obviamente tudo com caça proibida) pra procurar trufas e outros tubérculos.

Alguns dos buracos podem perfeitamente ter sido feitos por outros cachorros tão bobos como o Demo, que ficou horas cavando sabe-se lá o quê.

E depois daquela escavação toda ficou assim:

(atentem pra terra na língua. Espetáculo.)

Legolas, feliz com a bola de baseball na boca.

Legolas enfeitado com flores do campo.

Uma sequência do já não discreto comprimento lingual do Legolas.

Demo não aguentou mais e capotou de cansaço.

E os quatro pimpolhos na mala do carro, prontos pra voltar pra casa.

troy

Eu nem falei, mas semana passada fomos ver Troy. Achei tudo muito divertido, a começar do nome do filme, que não foi traduzido pra Troia porque troia, em italiano, quer dizer piranha – e não estou falando do peixe amazônico. Hohoho.

Não, falando sério: o filme é descaradamente ridículo, mas não por isso menos gostável. Eu adoro essas tranqueiras, filmes épicos, kolossals e porcarias do gênero. Então vamos aos prós e contras:

Adorei:
. Os figurinos das mulheres. Tecidos lindos, penteados legais, brincos ma-ra-vi-lho-sos. E a Helena? Não sei como se chama, mas a garota é linda mesmo…
. As armaduras, até aquelas que deveriam ser de couro mas tinham toda a pinta de borracha.
. As locações externas. As gravações começaram no Marrocos, mas depois, por motivos de segurança, foram transferidas não lembro pra onde…
. O cavalo de Tróia, lindo! Talvez meio modernoso demais, mas eu adorei.
. Os barcos, deliciosos.
. As cenas de batalha, bem razoáveis. Já comentei aqui várias vezes que eu adoro cena de batalha, desde que seja pré-pólvora. Tiro não é comigo. Só que eu acabo morrendo de pena dos cavalos, que se ferram sempre nesses casos, e no final das contas nem curto muito…

Odiei:
. Os diálogos. No comments pra esse roteiro.
. As roupinhas dos homens, todas de barriga de fora. Olha, todos os arqueólogos do mundo podem vir me dizer que era assim mesmo, que era suuuper na moda na Antiguidade, mas eu não acredito. Uma coisa assim tão ridícula não pode ter sido considerada normal, em nenhum período da história da humanidade. Homem de top não, não, não, não. Por favor.
. As roupitchas tie-dye. Please.
. Os cabelos amarelos do Brad Pitt. Tadinho, não acho que ele seja grandes coisas em termos de beleza (e com certeza tem as ventas mais feias do cinema americano) mas como ator até que funciona. A cara de tacho dele durante a conversa com o rei Príamo foi bem convincente. E também gostei dele em Ocean’s Eleven e Fight Club. Mas cabelo oxigenado não, não, não, não.
. As cuecas, que não deveriam estar lá. Por puro preciosismo histórico, naturalmente.
. O Hulk-Ettore. De barba até que ficou melhor, deu mais volume ao queixo e consequentemente mais cara de macho, mas não sei se é aquele leve estrabismo que lhe dá um jeito de panaca que não me convence, não tem jeito.
. As locações internas. Cada templo mais feio que o outro! O que era aquela estátua de fibra de vidro pintada de dourado, representando Apolo em frente ao templo? Os deuses sempre gordos nas estátuas, não gostei não.
. Aquiles garanhão, pegando todas. Na boa, ele não era viado?

Tô querendo ver Harry Potter, mas ainda não tivemos coragem de enfrentar as hordas de peruginos-sem-coisa-melhor-pra-fazer-do-que-ir-ao-cinema-no-domingo.

Ah, e ontem aproveitamos o tiquinho de sol pra ir ao Subasio com os cachorros. Tenho só que subir as fotos. Vocês vão ver, entre outras coisas, O Cachorro de Língua Gigante. Leia-se Legolas depois de ir buscar a bolinha 4.259.856,74 vezes.

Brigada a todo mundo que mandou sugestões de música. Vou passar o fim de semana selecionando e baixando e queimando. Depois digo como ficou.

A entrevista hoje foi meio estranha. Não é exatamente numa editora, mas numa loja de uma grande editora. Tipo uma franquia. O trabalho é como se fosse de vendedora mesmo, só que o público é meio bizarro porque eles trabalham basicamente com livros de ensaio, teatro, filosofia e outras coisas estranhas. A loja fica numa rua movimentada de Perugia, mas é meio escondida. Eu mesma já tinha passado ali em frente várias vezes mas, não achando que tinha muita cara de livraria, nunca tinha entrado.

O proprietário me pareceu napolitano, pelo sotaque. Não é um bom começo. O salário, por um horário part-time, é de 300 euros por mês. Hahahahaha! Dá pra pagar só o aluguel e olhe lá. Mas, como eles gostam de dizer, “há possibilidades de crescimento, de fazer carreira”. Aham. Honestamente, preferiria trabalhar na Libreria Grande. Pelo menos é mais perto de casa, e tem uma boa variedade de livros. Mas fazer o quê, né, já estou atirando pra todos os lados há meses, quero só ver se um dia esse perrengue vai dar resultado…

Acho que qualquer imigrante entende bem o cansaço que o livro que a Mary tá lendo menciona. Eu estou exausta. De tantas coisas…

Brigada a todo mundo que mandou sugestões de música. Vou passar o fim de semana selecionando e baixando e queimando. Depois digo como ficou.

A entrevista hoje foi meio estranha. Não é exatamente numa editora, mas numa loja de uma grande editora. Tipo uma franquia. O trabalho é como se fosse de vendedora mesmo, só que o público é meio bizarro porque eles trabalham basicamente com livros de ensaio, teatro, filosofia e outras coisas estranhas. A loja fica numa rua movimentada de Perugia, mas é meio escondida. Eu mesma já tinha passado ali em frente várias vezes mas, não achando que tinha muita cara de livraria, nunca tinha entrado.

O proprietário me pareceu napolitano, pelo sotaque. Não é um bom começo. O salário, por um horário part-time, é de 300 euros por mês. Hahahahaha! Dá pra pagar só o aluguel e olhe lá. Mas, como eles gostam de dizer, “há possibilidades de crescimento, de fazer carreira”. Aham. Honestamente, preferiria trabalhar na Libreria Grande. Pelo menos é mais perto de casa, e tem uma boa variedade de livros. Mas fazer o quê, né, já estou atirando pra todos os lados há meses, quero só ver se um dia esse perrengue vai dar resultado…

Acho que qualquer imigrante entende bem o cansaço que o livro que a Mary tá lendo menciona. Eu estou exausta. De tantas coisas…

ajklsfnmviweoruosfam.

O tempo tá uma bosta de novo. Meu humor, idem. Tô tão chata que nem eu me aguento, só me tacando no mar. Só que aqui não tem mar.

Meu cabelo está crescendo em todas as direções, que nem o meu tomilho no vaso, na varanda. Essa umidade é mortal pra juba, não tem jeito.

Hoje, pela segunda vez essa semana, a festa da primavera aqui embaixo foi cancelada por causa da chuva. Tá chovendo MOOOITO. Minha sala tá entupida de vasos de flores que salvei do afogamento, e entre a mesa e a porta-janela da varanda pus o varal de chão, cheio das roupas de banho molhadas do Mirco (nadar faz parte da fisioterapia pós-joelhal dele, e a piscina coberta de Bastia é nova e, dizem, super modernosa. Não sei, nunca fui).

Amanhã é feriado, felizmente. Não sei quem foi que inventou o feriado, mas eu gosto desse cara.

Sexta-feira de manhã a mala do Pino não vai trabalhar (e eu também não, óbvio, que não sou boba. Também, não tem nada pra fazer mesmo…) e eu vou aproveitar pra 1. ir doar sangue em Perugia e 2. fazer uma entrevista de emprego aparentemente muito interessante em Perugia mesmo. É numa editora. Vou repetir: é numa editora. Das grandes. Quem sabe rezar, reze. Quem conversa com anjo, dê umas indiretas básicas assim no seu anjo de estimação, quem sabe. Quem acredita em duendes, deixe uns brownies no canto da sala pra ver se eles dão uma força. Tá valendo tudo, até sentar embaixo da pirâmide. Basta que as good vibrations funcionem.

Hoje comecei e terminei um livro que a minha mãe mandou pela Marcia ontem. É A Casa da Mãe Joana, de Reinaldo Pimenta. Dentro do livro veio uma resenha da minha mãe, com a qual não posso discordar, depois de ter lido o livro: o cara é super babaquinha, cheio das piadas ridículas, mas o livro até que é legal, embora a parte melhor seja a bibliografia. E tome wishlist…

Dentro do livro também veio um recorte da Veja falando do prêmio espetacular que a Lygia Bojunga ganhou. Aquele de 260.000 dólares. Aquele que ela ganhou porque escreve bem pra cacete. Vai ter mãe assim otimista lá na casa do chapéu.

Não tive forças pra sair hoje à noite. Marco e Michela nos esperávamos no bar de sempre às 10:30, mas mandei o Mirco sozinho. Não sou boa companhia hoje. Quero ficar sozinha odiando tudo. Pior que nem Carabinieri tem mais, acabou a temporada. Justo agora que entre Andrea e Andrea (calma, um é menino hômi e a outra é menina muié) tava rolando um sentimento! Nao é justo. Por essas e outras que eu odeio tudo.