Uma leitora gentil me mandou um e-mail graciosamente entitulado “telhado de vidro”, onde apontava dois erros meus: o uso de tráfico em vez de tráfego, e um superagressivo em vez de super-agressivo.
Eu gosto de me explicar, então vamos lá:
Em primeiro lugar, esse negócio de telhado de vidro sempre foi uma balela, na minha opinião. TODO MUNDO tem telhado de vidro; todos nós somos infalíveis, ninguém é perfeito. Qual é o escritor que não submete seus textos a um revisor, antes de publicar? Isso não significa que seja proibido criticar.
Em segundo lugar, PRECISO DE UM DICIONÁRIO DE PORTUGUÊS!!! Os dicionários online que eu costumava usar hoje requerem cadastro e pagamento (leia-se “não rola”). Já está na minha lista de livros a comprar quando for ao Rio.
Em terceiro lugar, essa é a coisa chata de falar uma língua estrangeira que é ridiculamente parecida com a sua. Perdi a conta de quantas vezes escrevi “orrível”, “lavorei muito hoje”, “consulência”, “próssimo”, porque em Italiano se diz orribile, trabalhar se diz lavorare, consultoria se diz consulenza, próximo se diz prossimo. Se procurarem aqui no blog vão achar dúzias de erros idiotas desse tipo. Pra não falar dos acentos desaparecidos. Lembrem-se de que eu não tenho corretor ortográfico no Word, e acentuo tudo na mão, depois de terminado o texto. Haja saco.
O blog da Ane, jornalista que no seu trabalho escreve sempre em Italiano (e muito bem, por sinal), anda cheio dessas maluquices linguísticas. Quem entende italiano morre de rir com as expressões italianas estranhamente traduzidas pro Português. Acho que ela tem menos saco (e sobretudo menos tempo!!!) de revisar do que eu. Mas minhas conversas com a FeRnanda são exatamente iguais ao blog da Ane, totalmente sem pé nem cabeça. As pausas pra procurar palavras são inúmeras. Quando duas palavras são parecidas nas duas línguas, mudando só um sufixo ou prefixo ou um pedacinho de nada, como no caso de consulenza e consultoria, ficamos horas tentando descobrir qual é a versão correta. Foi o que aconteceu comigo no caso do tráfico em vez de tráfego. Traffico, em italiano, serve pra falar tanto de comércio ilegal quanto de fluxo de automóveis. Em italiano não há hifen, alguém me corrija se eu estiver errada, e super, hiper (iper, em italiano, como o Ipercoop) e ultra vão todos colados à palavra que vem depois, sem tracinho nenhum. Outro dia fiz o Mirco ter um ataque de riso quando ele me pegou falando sozinha “Capítolo? Ou capítulo?”, tentando lembrar o que era Português e o que era Italiano. É fácil se confundir, putz. Ainda mais porque há mais de dois anos não leio nenhum livro em Português. Que orror. ;)
Como eu disse, se forem procurar com afinco vão achar mil errinhos nesse blog. Mas não vão encontrar coisas do tipo “cafézinho”, “agente vai à festa hoje”, “por causa que”, “espero que seje legal”, “estou na Itália fazem dois anos” ou “estou na Itália a dois anos”, etc.
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Baixei “Como uma Deusa” ontem. Aquela da Rosana.