– Eu disse.

– Senhor gerente – interrompeu o Mister. – Mim ser um homem muitíssimo do calmo, mim só perder o meu paciência uma vez no vida com uma bandida espanhol que amarrar mim numa cadeira me dar um tiro no meu barriga e depois jogar um balde de água fervendo no meu cabeça. Mas a senhor estar muito chato, senhor gerente, se a senhor repetir mais uma vez “eu disse” mim dar um tapa no seu cara.

– Estou apenas lembrando que tinha razão quando adverti sobre o perigo de meter crianças com bandidos. O senhor está procurando me intimidar com a violência e eu estou argumentando com a razão. A lógica do meu raciocínio é perfeita, só mesmo um louco não entende a verdade do que eu disse: criança em investigação é perigoso, seu Tomé não tinha o direito de deixar, e tanto estava errado que foi tudo escondido dos pais. E os fatos comprovam meu pensamento; o gordo pode até escapar mas corre perigo e não temos direito de pôr os filhos dos outros em risco. Eu argumento com razão, seu Mister.

– Senhor gerente, a história do mundo mostrar que os chatos ser bichos muito lógicos e ter sempre razon. Mas a problema fundamental do vida non ser ter razon, a problema fundamental do vida ser non ser chata.

O Gênio do Crime, João Carlos Marinho