Tá ventando pra burro. Já cheguei à conclusão de que os italianos têm uma ponta de razão quando dão a culpa de tudo ao vento. Toda vez que o vento sopra forte assim, e gelado assim, eu fico com dor de cabeça.
Meu aluno endocrinologista me receitou almotriptan contra a crise de enxaqueca. Custa uma fortuna e resolvi dar um pulo na minha médica de família, uma vesguinha muito boazinha, pra ver se ela me dava uma receita daquelas vermelhinhas, que me permitem de pegar o remédio de grátis na farmácia. Acabou que ela me deu uma amostra grátis com três comprimidos. Devo tomar um assim que começarem os sintomas iniciais da enxaqueca (eu não tenho aura, pulo diretamente pra cefaléia e dali pra enxaqueca homicida), mais um, depois de duas horas, se não sentir nenhuma melhora.
Hoje de manhã fiz um milhão de quilômetros, entre bancos, correios, padaria, escritório do Roberto pra deixar um negócio pra ele que o Mirco consertou, galpão de cliente pra deixar o cesto de Natal, oficina, onde botei umas faturas em ordem. Todo esse entra-no-carro-aquecido e sai-pro-vento-gelado repetido mil vezes não pode fazer bem a ninguém. Resultado: já tá a pontada atrás do olho esquerdo me atazanando outra vez. Mas não quero tomar nada, porque a enxaqueca bombástica mesmo só vai vir daqui a quatro semanas, se for uma menina pontual, e quero fazer um teste pra ver se o almotriptan funciona. Vamos ver se com um paracetamolzinho passa essa dorzinha. Já almocei (massa curta com atum refogado na cebola, cenoura meio crua, meio cozida, e milho) e agora vou ver o Comissário Rex antes de encarar outros quilômetros pra lá e pra cá, e depois finalmente dar aula de português à Quarentona Estressada.