Em duas manhãs de fila no banco, fila nos correios, fila no supermercado, sala de espera do contador, sala de aula esperando aluno, comecei e terminei Io Non Ho Paura (Não Tenho Medo), de Niccolò Ammaniti. Virou filme, que eu não vi, mas quero ver. Amei o livro, mas não sei explicar por quê. O estilo é firme, seco e direto, sem nove-horas nem metáforas malucas nem verbos fora de moda (minha irritação com essas coisas deve ser por causa de uma coisa estranha que andei traduzindo ultimamente e me deu um trabalho danado). O cenário é envolvente, embora geograficamente indefinido. A descrição não é excessivamente descritiva, mas eu vi os campos de trigo, senti o cheiro dos porcos malvados, sei como é a panela com maçãs pintadas em vermelho, sei que gosto tinha o macarrão com molho de tomate que o Michele jantou. Os personagens são fortes, os temores são reais, as dúvidas são coerentes, a solução é a única possível.
Pra quem não viu o filme, que se não me engano saiu no Brasil, é a história de Michele, um menino do paupérrimo sul da Itália nos anos 80, que acidentalmente descobre, lá na casa do chapéu, um buraco na terra, com um menino dentro. Mais não digo. Hoje não vamos pegar o DVD do filme porque tem Grissom no canal 6, e amanhã provavelmente rola cinema, mas espero vê-lo em breve, e digo se vale a pena.