asparagi di bosco

Hoje é dia de praticar um dos mais populares esportes primaveris, colher aspargos selvagens. O tempo tá uma droga, mas não tá com cara de que vá chover. Ontem tava pior, e mesmo assim encaramos o Monte Subasio com os cachorros, a FeRnanda e a cachorrinha dela, a Dadá. Um vento que te levava embora, só nós, três retardados cachorrentos, no alto do monte, uma dor de ouvido do cacete, jogando garrafas de plástico pro Legolas pegar.

Hoje o plano inicial era ir a Florença dar umas voltas com Gianni e Chiara, mas eles desanimaram e resolvemos então ir catar asparagi di bosco lá em Bastardo, onde um colega de trabalho do Gianni mora. Como o tempo tá feio e o frio é quase de outono, não é perigoso. No calor, serpentes venenosas abundam entre os arbustos e caem das árvores dentro da sua camisa, então precisa enfiar as calças por dentro das botas e usar camisa de gola alta e chapéu, e afastar arbustos com um bastão, jamais com as mãos.

Eu juro que queria ir, mas, fêmea que sou, fui jogada pra escanteio. Mirco saiu às nove da manhã, e eu só vou ao meio-dia, com Chiara e Roberta, praticamente só pra almoçar. Melhor. Estou cansada e acho que tem uma gripe se esforçando muito pra me pegar. Ontem tava tão sem saco que nem fiz faxina, só passei o aspirador de pó igual à minha cara e mais nada. Agora são dez e vinte e ainda tenho que limpar o banheiro e transplantar uma tulipa estranha que está apertadíssima no vaso em que a coloquei, achando que cresceria para o alto e avante, esbelta como todas as tulipas. Mas essa é estranha e é toda repolhuda, ocupa tanto espaço que o outro bulbo, no mesmo vaso, ainda não conseguiu dar as caras. O detalhe é que o saco de terra ficou no carro, e cadê a vontade de descer pra pegar?

Caraca, deve ser a primavera que me pegou de jeito esse ano, como faz com tudo mundo aqui. Ou então são os cromossomos baianos herdados de vovô que estão se ativando pra me deixar leeeeeeenta.