reino dos céus

Dia das mães aqui não é essa badalação toda como no Brasil. Como além disso a mãe do Mirco não tá nem aí pra coisa nenhuma, muito menos pro dia das mães, almoçamos lá ontem como almoçamos praticamente todos os domingos, e depois tocamos diretamente pro cinema. Chegamos tão cedo que ainda tava tudo fechado, coisa que nunca tínhamos visto antes. Como eu não tinha comido quase nada no almoço, por causa de uma coisa desagradável na TV que me revirou o estômago, acabamos indo tomar um sorvetinho básico antes do filme começar, inclusive como parte da preparação psicológica pro filme.

Porque eu não segui o conselho do meu irmão, que é um amor mas tem gostos cinematográficos completamente diferentes dos meus. E lá fomos nós ver Kingdom of Heaven, que aqui foi traduzido como As Cruzadas.

Tenho que concordar com a Mary em alguns pontos: o filme é bem produzido, bonito às pampas de se ver. Os figurinos são leeeendos, coisa que já havia notado n’O Gladiador – os brincos e tecidos são enlouquecedores. As paisagens são lindas, os cenários deslumbrantes, as cenas de guerra são maneiras, apesar de idênticas às d’O Gladiador. Mas pára por aí. Porque fora tudo isso o filme é UMA BOSTA. Que roteiro é esse, sem pé nem cabeça, com diálogos de meia frase por cabeça? Em um segundo o cara é ferreiro viúvo na França, no segundo seguinte descobre que é filho do fulano, no outro segundo está a caminho da Sicília, e meio segundo depois já está em Jerusalém, como se fosse assim, ele mora na Vinícius de Morais e quer chegar no Jardim de Alá, sabe, pertíssimo? Que raio de ritmo maluco é esse? Teria sido mais negócio botar tudo isso em flashback e começar o filme com o Orlandinho já dando espadada a torto e a direito em Jerusa. Do jeito que ficou, demora séculos pra engrenar, e muito pouco faz sentido.

E falando em Orlandinho… Até que ficou melhorzinho de cabelo comprido e barba, mas, convenhamos, vai interpretar mal assim na Maria do Bairro. Ainda bem que, com esse roteiro maluco, ele quase não fala nada. Melhor assim.

O melhor do filme é, definitivamente, uma fala do Orlandinho, quando o feladaputa bispo da cidade propõe que eles se convertam ao islamismo pra se salvar:

– O senhor me ensinou muitas coisas sobre a igreja, seu bispo.

Amém.