japa

E então aproveitei que tem um salão no andar térreo de onde fica a escola em Perugia, e fui ajeitar as madeixas. Andrea, o cabeleireiro-mor, aparentemente é não-viado e nada antipático – antes que venham me encher, não tenho nada contra viados mas vamos combinar que cabeleireiro bicha com complexo de general e que não faz nada do que você pede e toma decisões sozinho é um porre. Ele foi muito simpatiquinho, usou um novo produto americano (deve ser do tipo que alisa os pixains das negonas americanas, aqueles superpower, porque elas ficam todas lindas) que tem cheiro de óleo de fígado de bacalhau, me explicou como fazer a manutenção e coisa e tal e enquanto ele me ajeitava a cabeça terminei um Camilleri (Gli Arancini di Montalbano).

O problema é que eu não tenho cara de lisa. As olheiras árabes não mentem: minha carapinha é genética e tão médio-oriental como os cedros do Líbano. Quando me vejo lisa no espelho tenho vontade de rir. O Mirco acha que fiquei com cara de mulher madura, e que os cachos me rejuvenescem (faz-me rir, eu nasci velha, meu filho), mas querido, repliquei, estou quase nos 30, ridículo seria eu fazer que nem a Regina Duarte, envelhecendo de cabelão e franjinha, FRANJINHA!, por favor! Mas vamos ver até quando vou continuar com essa brincadeira, antes de me render ao maldito crespo outra vez. Ou de raspar a cabeça de vez e encerrar o assunto.