Toda hora minha mãe pede pra eu fotografar vitrines ou mandar revistas pra ela ficar sabendo, com antecipação, qual vai ser a moda pra próxima estação. Na verdade nem precisa, porque ela tem um olho clínico pra essas coisas que é realmente invejável.
Ano passado o grande lance foi o rosa. E também as jaquetinhas cinturadas, de preferência brancas, e as microssaias pregueadas. Esse ano custou a aparecer algo de mais sólido nas vitrines, e só agora a coisa pareceu se definir. A cor do ano, parece, é o verde-limão. E o estilo do ano, parece, é o hippie (ou íppi, como se diz aqui), que eu a-bo-mi-no. Vejo túnicas com calças (não gosto, mas é bom pra gordas), batas tipo ciganinha, com elástico abaixo do peito (socorro), saionas disformes, combinações cromáticas escalafobéticas. Mal posso esperar pra festa de Bastia em setembro, quando as bastiolas fashion victims exibem suas figuras na mesquita, os cabelos preto graúna, os óculos de sol que cobrem metade da testa, os saltos que vira e mexe entalam entre os paralelepípidos do centro histórico. Diversão garantida.
Enquanto isso, levo dois minutos pra passar a bata indiana (a nacionalidade, não só o estilo) linda que minha mãe mandou, de algodão finiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinho, bordado branco sobre tecido branco. Chique e fresca. E sem o maldito elástico embaixo do peito, nem o decote canoa elasticizado, que toda hora escorrega pelos ombros. Viva mâmi.