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Estou quase me desarrependendo de não ter escolhido Lingue e Culture Straniere em vez de COMINT (o apelido de Comunicazione Internazionale).

Hoje assisti à segunda aula de Politica Economica – a primeira aula foi ontem e eu perdi. A professora é uma senhora distinta e enxuta (todas as italianas de um certo nível são senhoras distintas e enxutas; só as roceiras são gordas e cafonas), com um corte de cabelo moderno, mechas em dia, sapatos totalmente comfort, o bronzeado artificial que é a marca registrada dos italianos em geral, e uma voz firme explicando conceitos nada simples. Estranhamente consegui entender tudo (acho), mas ela me preocupou quando fui lá dizer que provavelmente não vou conseguir freqüentar as aulas e o que ela me recomenda pra não ficar boiando: alguém que te ensine a parte matemática, minha filha, porque é a única coisa difícil desse curso. Isso dito a alguém que não é capaz de fazer a mais simples regra de três de cabeça. Vai ter que rolar muita mamãe no Skype pra me explicar aqueles gráficos malditos de oferta e domanda.

Fiz discreta amizade com o grupinho que senta na frente. Nunca fui CDF, mas não consigo prestar atenção se ficar no meio dos farofeiros, e também prefiro olhar bem pra cara do professor e escutar direitinho o que ele diz, pra não perder nada. Então sentei na segunda fileira, do lado de uma menina branquiiiiiiiiiiiiiiinha, com uma cara de boazinha daquelas tão mas tão intensas que dá vontade da gente abraçar a criatura. Na primeira fila, duas “oche giulive”, songa-mongas com sombra rosa-paquita nas pálpebras, penteados arquitetônicos e letrinhas redondas. A Boazinha escreve de lápis em caderno pautado, êba, é normal!, enquanto que as songa-mongas têm aquelas letrinhas redondas e infantis que eu detesto, escrevem de caneta e usam caderno quadriculado, uma praga nacional que eu jamais vou conseguir entender. Le Oche Giulive (/leo’kedjiu’live/) são esquisitas mas pelo menos prestam atenção. Mas tem uma mulatinha com ares de rainha zulu que fala o tempo todo lá atrás, e quando levanta a mão é só pra dar palpite idiota. O resto da turma, quase tudo mulher, tende a ficar quieto e prestar atenção. A mulatinha vai acabar rodando, não tenho dúvidas. Professor nenhum do mundo atura aluno pentelho, idiota e pseudo-inteligente.

A segunda aula foi MUITO maneira. O professor é um toscano, jovem, bonitinho, com cara de esperto – me lembra um pouco aquela mala do walras, só que bonitinho, entende ;) Ensina Comunicazione Politica e gostei muito do programa do curso que ele delineou – delineou, porque o programa inteiro, o livro do estudante, o calendário de provas, nada disso ainda foi decidido, e portanto ainda não impresso. Universidade na Bota é assim. Demos muita risada e aprendemos muita coisa. Sexta-feira tem mais. Pena que muito provavelmente não vou conseguir assistir às aulas de quarta – hoje só rolou porque os meninos de Marsciano cancelaram. Ele já avisou que ou freqüenta direito ou fica em casa, mas eu sou mula e vou insistir e fingir que não é comigo. Só espero ter paciência e tempo pra estudar e não decepcionar o lindão.

Cheguei em casa com uma dor nas costas desgraçada. Tinha esquecido como são desconfortáveis as carteiras arqueológicas da Stranieri. Nossas aulas de hoje foram na mesma sala onde estudávamos Linguistica Italiana com aquele louco desvairado do Katerinov, no longínquo 2002…