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Então já estou toda animadinha com os mil livros, as mil coisas de comer, as bolsas e sapatos que vou trazer do Rio pra cá. E já comecei também a fazer as compras das mil coisas de comer que vou levar pra lá. Porque quem vai da Itália pra qualquer outro lugar do mundo, o que é que leva de presente? Comida, lógico. A minha lista inclui risotos daqueles prontos, de pacote, que por sorte estão em oferta essa semana; macarrão com ovo, porque eu é que não vou ocupar lugar na mala com máquina de fazer macarrão; molhos de bichos estranhos (javali, lebre, cabrito, ganso); torta al testo e piadina; speck e scamorza; salames e prosciutto crudo; vinho, vinsanto e cantucci; bom vinagre balsâmico e bom azeite de oliva; pesto e parmesão. O diabo vai ser arrumar as malas, porque as nossas malas, quando não estamos viajando, ficam na garagem, cheias das roupas da outra estação. Pra levar a minha malona e a minha malinha pro Brasil vou ter que largar as roupas de verão em cima da cama, no lado em que eu durmo, pra não incomodar o Mirco. Porque eu simplesmente não tenho onde botar nada. Odeio essa casa, não tem espaço suficiente pra gente, os móveis são estúpidos, além de hediondos, e toda hora tenho que descer até a garagem pra pegar alguma coisa. No verão nem é um problema, mas no inverno o bicho pega porque lá embaixo é frio bagaray. Pobre tem é que morrer, tem razão a minha tia.