giri

Aproveitei a manhã livre pra resolver várias coisas em Bastia e Santa Maria: passei no caseificio pra comprar ricota fresca, scamorza e caciotta, dei um pulo na Rita pra comprar maçã e tomate-cereja, na volta passei na depilação e enquanto ela terminava uma cliente fui à biblioteca de Bastia me inscrever.

No Rio eu cheguei a freqüentar uma biblioteca no Leblon quando era pequena – minha mãe já estava na Secretaria de Cultura e na época acho que fazia alguns trabalhos pras bibliotecas – e eu li tudo que é Asterix e A Inspetora que achava por lá. Mas era uma bibliotequinha meio tabajara e aqui eu ainda não tinha entrado em uma.

Antes não tivesse.

Fica no segundo andar de um prédio de apartamentos e escritórios (aqui é muito comum misturar tudo) que fica em cima de uma loja imensa de vestidos de noiva. Empurrei a porta encostada e dei de cara com uma sala não muito grande, com algumas divisórias horríveis e etiquetas amarelas escritas com letra garranchuda dividindo as seções dos livros. Logo atrás de mim entrou uma turma de colégio, com um bando de pré-adolescente fazendo barulho atrás da professora – excursão, putz. Uma das duas bibliotecárias me dispensou solenemente pra atender os delinqüentezinhos, e me deixou nas mãos da outra.

A Bibliotecária Loura é assim: uma senhora de uma certa idade mas que ainda não sabe disso, de vestido vermelho e botinha, batom vermelho, faixa vermelha na cabeça cobrindo as raízes dos cabelos platinados. A clássica funcionária pública ineficiente e clinicamente histérica. Levou três horas pra copiar meu nome na ficha, e isso só depois de me olhar como um E.T. quando eu disse que só queria me cadastrar, porque não tinha tempo de escolher nada. Não pode fazer ficha sem levar livro, disse. Anotou tudo de caneta na ficha, com aquele garrancho hediondo, pra depois inserir tudo no computador. Me acompanhou até a meia-prateleira de livros em língua original; nada digno de nota, então catei umas anotações no caderninho fofo que a Newlands me deu em novembro e achei uns nomes perdidos de livros em italiano que os meninos tinham sugerido na mailing list do curso de narração. Acabei levando Tre Cavalli, di Erri de Luca, que não sei quando vou conseguir ler. Algo me diz que não vou gostar, mas não dava tempo de escolher melhor.

Ainda dei aula de português pra Begonia, passei na Libreria Grande pra pegar um livro de Sociologia, e fui direto pra escola pegar o Michael pra ir a Cascia. Detesto ir a Cascia. Bando de adolescentes delinqüentes! Terça-feira é um porre mesmo.