mafia, de novo

Hoje de manhã fiquei em casa porque meu aluno salame da fábrica de peças pra avião teve um problema no trabalho e não pôde ter aula. Acabei aprendendo muito sobre a máfia, coisa que não só é interessante mas vai servir pra prova de Linguaggi della Devianza, em junho.

Uno Mattina é um programa de variedades da Rai Uno que ocupa toda a manhã. É apresentado por uma jornalista ruiva que já esteve cobrindo guerras no mundo todo e é muito inteligente, por uma loura ex-participante do Grande Fratello e por um retardado, imbecil, debilóide, jumento, asno, que diz ser jornalista e atende pelo nome de Luca Giurato. É de uma imbecilidade irritante; basta olhar pra cara dele que eu tenho vontade de chorar de nervoso. Mas como quem se ocupa dos assuntos sérios é a ruiva, a longa entrevista dessa manhã com pessoas diretamente relacionadas com a máfia foi muito interessante. Fiquei sabendo, pelo juiz e pelo chefe da polícia especial que comandaram a operação de prisão do Provenzano, que, ao contrário do que eu disse outro dia aqui, não houve nenhum pentito, nenhum arrependido, nenhum alcagüete. Não houve nenhum tipo de interceptação telefônica de ninguém envolvido ou suspeito de envolvimento na história, por um motivo muito simples e que faz todo o sentido do mundo: pra conseguir a autorização da justiça pra plantar uma escuta, o pedido roda na mão de tanta gente que a probabilidade da informação vazar e chegar aos ouvidos dos mafiosos era grande demais. Porque their arm has grown long indeed, e que há peixes grandes com o rabo preso e que a máfia é infiltradíssima no governo é coisa há muito sabida. O objetivo foi então reduzir o número de pessoas envolvidas na investigação, e se concentrar em observar membros da família de Provenzano e seus antigos colaboradores. Foi assim que chegaram à casa muito simples, na periferia de Corleone, onde o chefão se escondia. Por que ele não picou a mula e foi cantar em outro galinheiro? Porque quando se fala de máfia, presença é poder: quem abandona o território acaba perdendo força e sendo substituído por outro mais esperto. É aquela velha história: quem foi à roça perdeu a carroça…

Aliás: imperdível isso aqui.