Fazer turismo na Itália é coisa pra entendido. Porque nada funciona, ninguém sabe dar informações, tudo é confuso e impreciso. A minha dica é: NÃO FALE COM PESSOAS. Lidar com gente aqui é uma coisa muito complexa, sujeita a variáveis infinitas. Muito mais seguro se relacionar com máquinas. Eu já havia dito isso à Margareth, que veio do aeroporto pra Assis sozinha de trem, mas elas compraram a passagem Roma-Assis na mesma agência que vendeu as passagens pra Paris. E a idiota da mulher não explicou que um dos trens da tarde não era direto, precisava mudar em Foligno. A maquininha que vende passagem avisa logo: tem conexão em Foligno, quer encarar? Lógico que as duas não foram capazes de ler o tabelão dos trens (não é difícil de entender, juro, mas você tem que ter a inspiração de ir lá olhar pra ele) e perderam a estação. Foram parar em Nocera Umbra, que não é tão longe assim mas é um buraco. Mamãe me ligou rindo de nervoso dizendo que não tinha la-da ali perto, nem um bar, um orelhão, uma banca de jornal, nada. Então lá fomos nós pegar as duas na estação de Nocera Umbra.
A cidade é uma gracinha, mas foi o epicentro do terremoto de 97 e ainda está completamente destruída (as igrejas não, lógico, foram as primeiras a ser reformadas). Fica no alto de um platô e é bem visível já de longe. Mas realmente não tem NADA, e a estação, microscópica e só com duas plataformas, fica no fundo de uma espécie de beco sem saída. Visão mais bizarra do que aquelas duas sentadas ali no banquinho, rodeadas de sacolas da Galeria Lafayette, ainda está pra ser criada.
Acabamos jantando na festa aqui embaixo de casa mesmo, por falta de vontade de cozinhar. E como custei a dormir por causa da música alta, comecei Sidetracked, mais um do Mankell.