a primeira vez a gente nunca esquece

Meu último aluno, aquele que fabrica banheiros, cancelou a aula. Eu e Mirco decidimos telepaticamente jantar risoto de queijo cremoso com trufas no Terzieri, em Trevi. Então marcamos de nos encontrar numa ruazinha escondida onde sempre deixamos um dos carros parados, e fiquei lendo Hemingway sentada no carro dele até ele chegar. Ele tinha levado meu novo carro velho pra dar uma geral na oficina – pintar a lataria de novo pra cobrir os arranhões, trocar o óleo, instalar o rádio com CD que compramos, calibrar o estepe, limpar os tapetes, essas coisas de macho – e achei que só ia ficar pronto amanhã. Então qual não foi minha surpresa ao ver meu Corsa preto (com reflexos cinza-escuro) descendo pela saída da superstrada :) Jantamos rapidinho e pela primeira vez dirigi meu novo carro velho.

Em algum momento durante a vida do carro alguém quebrou aquele buraco onde entra a chave, e não conseguiu consertar direito. De modo que agora pra ligar o carro é assim: giro a chave, espero sumir um simbolinho no painel e aperto um botão prateado ridículo no lado esquerdo do volante, por baixo da seta. Aí ele liga, com aquele barulho surdo de carro a diesel. Anda muito bem, obrigada, é estável nas curvas apesar de ser pequeno, não consuma un cazzo, é fofinho e É MEU.

O painel é feio, velho e cafona, mas tem um relógio digital ótimo, com data e temperatura. Não tem ar condicionado, e esse é o defeito mais grave, mas tem vidro elétrico. E agora também tem CD, quer mais o quê?

Precisa dizer que o CD, novinho em folha, não funciona? Passou o dia inteiro tocando um CD do Tuco enquanto o Mirco passava o aspirador de pó dentro. Depois, na estrada, no caminho pra Foligno, parou de funcionar.

Que não seja o primeiro de muitos problemas.