forno

Cacete, essa semana o calor tá DEMAAAAIS. Recorde de temperatura em Perugia, 41 graus. Merda de cidade desgraçada: no calor é sempre um forno, no inverno é sempre uma das mais frias, por causa do vento gelado miserável que sopra no Corso (a rua principal).

Ontem juro que quase chorei de calor. Sentada na minha cadeira nova na sala dos tradutores, uma cadeira desconfortável e velha que esquenta feito o diabo, aboletada em três “sentadores” da IKEA que em casa usamos pra sentar no chão quando faltam cadeiras e que levei pro trabalho pra ficar mais alta na cadeira, eu sentia o suor escorrendo pelas costas. E olha que eu não suo nem em aula de aeróbica. Praticamente um ventilador por cabeça, mas ventilador que sopra ar quente não ajuda muito, vocês sabem. A nossa sala é a mais quente da casa, não sopra nem um fio de vento, e ainda por cima trabalhamos o dia inteiro 1) em escrivaninhas nada ergonômicas porque são 10 cm mais altas do que o normal, e tão espessas que mesmo que a cadeira subisse, as suas pernas não caberiam por baixo da mesa, 2) ouvindo o tlim tlim tlim dos sininhos no pescoço dos 3 cachorros fofos da casa ao lado, 3) ouvindo o telefone tocar o tempo todo na sala ao lado da nossa, onde trabalham a Retardada Contábil 1 e a Retardada Contábil 2, 4) sentindo o fedor da fumaça de cigarro da Chefa, da Laurinha e do Gostosão Gráfico, 5) tendo que responder o telefone da escola, que fica nas minhas mãos enquanto a Simona está de férias. Tudo isso traduzindo uns arquivos em PowerPoint chatíssimos de uma companhia de navios de cruzeiro. Coisas do tipo “o que fazer depois de terminar de beber uma latinha de Coca? A) jogar no mar B) procurar uma lata de lixo C) jogar no chão”. Eu mereço.

Essa noite não dormimos nada. Não tinha jeito, todas as janelas escancaradas, mas se o ar não se move, fazer o quê? O ventilador no máximo virado pra nossa cara, contrariando todas as Leis do Bom Senso Italiano que dizem que é melhor sentir calor do que tomar vento na cara, e nada. Passei o dia arrastando os pés como um zumbi. A única coisa legal foi a minha aluna farmacêutica legal, de Spello, que me trouxe um vasinho de flores porque hoje foi o último dia de aula dela, que em agosto vai pra Seattle com o marido, a trabalho. Achei um gesto tão simpático :)