Depois do café no Faborit fomos direto pra estação de Príncipe Pio pegar o ônibus pra Segovia. A estação dessa companhia de ônibus, a Sepulvedana, fica logo fora da estação de metrô, e perto dela a rodoviária do Rio é um luxo só. Cara, que lugar horrível! Tudo imundo, o chão aquele preto de borracha com bolinhas típico de elevador imundo do Centro, guichês confusos com cartazes manuscritos colados no vidro com durex seco e amarelado, uma coisa horrenda. O ônibus é igualmente nojento e passei a viagem inteira sentada durinha, sem encostar a cabeça. E a rodoviária de Segovia… É hedionda. Com direito a teto desmontando e malucos passeando enchendo o saco dos passageiros.
Vimos Segovia rapidinho porque não agüentávamos mais bater perna. A cidade é bonita mas, novamente, não é indispensável para a sua salvação eterna (ao contrário de Roma, que, não custa lembrar, é tudo na vida). A coisa que eu mais gostei é uma característica particular da arquitetura local cujo nome em espanhol não acho em lugar nenhum (tinha no guia da Chiara mas não decorei). Basicamente as paredes são estampadas com grandes carimbos enquanto o cimento ainda está fresco, de forma que fica uma espécie de alto-relevo com lindos formatos geométricos distribuídos uniformemente. Como se fosse um papel de parede em relevo. Lindo! Tirei dois milhões de fotos porque os motivos são maravilhosos. Almoçamos por lá mesmo, empadas e quiches, e continuamos o passeio.
O ponto forte da cidade é o famoso aqueduto romano, gigantesco e em perfeitas condições depois da última reforma, apesar dos mais de 2000 anos de idade. Bonito de se ver. E depois tem a catedral, muito bonita, e o famoso Alcázar, cuja parte dos fundos lembra o castelo da Cinderela na Disney. Tudo bonito e tal, mas enchemos logo o saco e voltamos pra Madri.
Direto ao El Corte Inglés pra comprar coisitas no supermercado, e um vinho tinto pra levar pra Maria no jantar. Porque jantamos na Maria. Ela fez ótimas bruschette com tomate, brie e manjericão, e depois, crianças, ba-ca-lhau. Eu sempre odiei bacalhau. Eu, meu irmão e meu pai sempre fomos considerados os párias da família porque não comíamos o bacalhau legitimamente português que minha avó sempre fez, em receitas variadas. Mas dessa vez não tive como escapar, e como há alguns anos a minha política tem sido de provar novamente de tudo pra ver se acabo gostando (e normalmente acabo mesmo, com a exceção de azeitonas, tomate cru e pimentão, que continuo achando abominações alimentares), comi. E gostei. Tinha batata, tinha brócolis e tinha molho branco, todos ótimos camufladores, mas estava gostoso mesmo. E fechamos a noite com um bom bate-papo regado a vinho tinto e mousse de chocolate. Olé.