Eu nunca vi um sistema educacional tão complicado e ineficiente quanto o italiano. Juro. Tudo bem que não conheço nenhum outro sistema educacional, mas cacete, nem no Sri Lanka pode ser tão esquisito assim, não é possível.
As crianças têm uma quantidade descomunal de dever de casa pra fazer. As provas são TODAS orais e todas na base da decoreba. Normalmente os assuntos estudados não têm nenhuma relevância prática. Nem teórica.
Não usam lápis, só caneta. E quando eu insisto pra que usem lápis, porque caderno rabiscado me dá nervoso, além de ser uma coisa idiota por princípio, pergunta se eles usam borracha? Eu nunca rabisquei nada em caderno nenhum, nem eu nem minhas colegas de turma. Escreveu e errou? Apaga. Imagina ficar com o caderno cheio de remendos de tinta azul! Aqui é supernormal.
Usam esse maldito caderno quadriculado. É um quadriculado microscópico que eu não consigo entender pra que serve. Como os quadradinhos são cinza, o caderno parece sujo.
TODOS seguram a caneta errado. TO-DOS.
TODOS escrevem como retardados, começando o zero de baixo pra cima, o oito pelo lado errado, o cinco de baixo pra cima, fazendo o um parecendo dois, o a feito com uma bolinha e depois uma perninha jogada assim de qualquer jeito. Tenho um aluno que usa o mesmo símbolo (algo como |) pra tudo: é j, p, q, f, l e t, tudo ao mesmo tempo. Pontuação não existe. Tem quem tenha dificuldade em desenhar o ponto de interrogação. Todo mundo com letra redonda, tão redonda que tudo se confunde e cansa os olhos ao ler. Não pulam linha, não fazem parágrafo, escrevem só de um lado da folha, não existe data nem cabeçalho. E essa mania maldita, maldita, maldita (e errada, segundo meu livro de lingüística) de assinar ou escrever sempre primeiro o sobrenome e depois o nome. Minha mãe é que tem razão: como é que esse país faz parte do G8 é um mistério.