Sábado é dia de jardinagem.
Desde que tomei vergonha na cara e defini que sábado é o dia de sair adubando tudo, minhas plantas estão com outra cara. Também aprendi a podar os cravos, ainda que o faça com um aperto no coração. Detesto cortar ou arrancar plantas, mas desde que aprendi a podar os vasos estão cheios, verdinhos, cheios de botões de flor. Levo tipo uma meia hora pra adubar tudo, porque tem o adubo líquido pra piante grasse e o outro pra plantas verdes normais, e meu regador é pequeno, mas é uma coisa que eu adoro fazer.
Então agora a salsinha, que era meio tímida, está cabeludíssima. A majorana que peguei na Arianna e tinha ficado naqueles dois toquinhos por meses agora está tão alta que fica pendurada nas bordas do vaso. O hortelã, por natureza planta danada que dá em tudo que é lugar, inclusive onde não foi convidado, mas que aqui em casa, confinado no vaso pequeno, dava só folhinhas pequenas, agora está folhudíssimo. A sálvia, que não dava flor, foi devidamente podada e está linda. Os dois vasos de alecrim – porque eu amo alecrim e boto em tu-do que é comida – também estão grandes e fortes. O aipo que Arianna plantou pra mim, embora jamais chegue a ser um aipão porque o espaço é pequeno, também está um espetáculo e os malditos pulgões não voltaram. O bambu que compramos na IKEA quando minha mãe veio tinha dado uma secada geral inexplicável, já que segui todas as instruções, mas algumas folhinhas permaneceram verdes e resolvi investir no bichinho. Devagarzinho está se recuperando, tenho esperanças. Seu amiguinho, um tipo de ficus com folhas enroladinhas como se tivessem botado rolinhos no cabelo, está muito bem, obrigado. E as piante grasse cresceram bastante – só uma se recusa a aumentar de tamanho, mas deve ser um defeito de fabricação da espécie porque todas as outras estão enormes. Tenho foto delas quando as plantei, em maio, depois boto aqui com as fotos de hoje pra comparar.
Minha única decepção é a azaléia que a Arianna me deu no começo da primavera. Depois que as flores caíram ela simplesmente estacionou. Já adubei, já mudei de lugar, já tentei conversar, mas não tem jeito: não fede nem cheira, está exatamente com a mesma cara com que chegou. Acho que vou levar de volta pra Arianna. Quem sabe em meio a outras flores ela se sente mais ambientada e dá uma rejuvenescida…
As únicas flores que tenho são os cravos, porque sobrevivem bem ao inverno. Tenho pena de comprar gerânios, petúnias, begônias que sei que depois vão morrer quando o frio chegar. De fora minha varanda não é decorativa, não tem a multidão de cores que caracterizam as varandas e janelas européias na bella stagione, quando os gerânios se multiplicam exponencialmente e colorem todas as casas. Mas as minhas plantas são lindas e quando acordo são a primeira coisa que eu vejo, porque eu durmo de lado, virada pra janela, e sempre deixamos um pedaço de persiana aberta. Abro os olhos e vejo minhas plantinhas, e meu dia começa melhor. Quando tenho trabalho no computador trago uma pra dentro pra me fazer companhia.
Se eu tivesse um jardim, nunca mais entraria em casa.