Se tem uma raça que eu detesto é vendedor.
Veja bem, o problema não é quem vende como profissão, mas quem se comporta como vendedor 24 horas por dia. C., a pessoa que agora é responsável pelas vendas na escola, é assim. Tem aquela fala tatibitati de quem quer falar com clareza pra te foder melhor, sabe, e fala coisas que obviamente não são verdadeiras, e me dá uma irritação tremenda só em escutá-la. Lógico que a coisa piora quando ela está efetivamente vendendo alguma coisa. Ontem, batendo papo com artificiais animação e gentileza com uma futura aluna em potencial, soltou a seguinte pérola: é que eu sou uma lingüista, sabe, e como lingüista sei que não adianta explicar só gramática, tem que falar também. Hein? Precisa ser lingüista, whatever that is, pra saber disso? E que lingüista é essa que fala “kleb” em vez de “club”? Mas faça-me o favor. De uma pessoa assim eu não compro nem bala Juquinha, imagina um curso de inglês de quase mil euros. Ouvia a garota falando e só pensava no Mirco, que é pior do que eu porque só entra em loja onde não tem vendedor, já que gosta de escolher sozinho. Eu ainda deixo pra lá, agradeço e despacho e acabo escolhendo sozinha, mas com ele não tem papo mesmo.
Mas o melhor foi quando a mãe de um aluno perguntou insistentemente onde estava a Simona, que pediu demissão semana passada – foi totalmente mobbed out, mas tudo bem – porque não agüentava mais o clima maléfico lá dentro. C. ficou sem saber o que responder, ainda mais quando a mãe do aluno disse que era uma pena, porque Simona era tão legal… E eu me segurando pra não rir, séria no meu computador, fingindo que não estava ouvindo. Ah, essas pequenas alegrias que a vida te dá…