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Toda terça-feira vai ao ar o programa Le Iene, baseado no Reservoir Dogs de Tarantino. É apresentado sempre pelos mesmos dois cômicos espertos, rigorosamente de terno preto e gravata, e por uma songa-monga, que antes era a pernalonga da, hm, esqueci o nome, e agora é a Miss Itália de dois anos atrás, bela e com a pior dicção que eu já ouvi na minha vida. Os repórteres que fazem os “serviços” (as reportagens) são espertos, irônicos, e donos de uma cara-de-pau invejável. Na edição de ontem deveria ter ido ao ar uma reportagem sobre o consumo de drogas no Parlamento (comentado pela Ane), mas, ridículo dos ridículos, foi proibido de ser divulgado. A desculpa esfarrapada foi “para proteger a privacy dos políticos testados”, uma justificativa idiota já que os testes não foram identificados e foram jogados juntos num caixote, servindo puramente pra dados estatísticos. Censura pura. E sinceramente o fato disso não ter podido ir ao ar é mais grave do que terem achado droga no Parlamento.

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Sempre no mesmo programa, uma das minhas repórteres preferidas plantou-se na porta do Senado com um jornal de grande circulação nas mãos. Perguntava aos Honoráveis (aqui político de alto escalão ganha o título VITALÍCIO de Onorevole, cof cof) coisas simples, tipo quem é Mandela?, o que é e onde fica Guantanamo?, o que significa “Darfur: façamos alguma coisa, e façamos rapidamente”. As respostas foram as mais estapafúrdias, e a vergonha da repórter era evidente, enquanto tentava ajudar mas mesmo assim não saía nada. De Mandela disseram que era um político brasileiro. Guantánamo disseram ser no Afganistão, pronunciado Af-dsfasjdlasdfdjkfjweioruoif-tan. Darfur, aquela parte do Sudão onde neguinho está se matando há anos, virou um estilo de vida, esse estilo de vida apressado de hoje, uma tristeza, tudo é tão corrido.

Ao contrário do que pode parecer, político ignorante e idiota não foi inventado no Brasil. Só temos nomes mais esdrúxulos, mas a farinha é toda do mesmo saco…