A região de Marche, a leste aqui do interior do Zaire, é mais interior do Zaire ainda do que aqui. Marche, Molise, Campobasso são regiões onde não acontece nada NUN-CA. Até porque o mar daqueles lados não é tão bonito quanto o da canela da Bota. Mas Daniele queria ir a uma feira de antiguidades e carros de época perto de Macerata, e lá fomos nós.
Eu nunca fui a um evento tão chato em toda a minha vida. Acho que até um congresso internacional de matemática teria sido mais interessante. Toda aquela velharia, aqueles poloneses com hálito de pinga vendendo telescópios e instrumentos odontológicos, velhos vendendo peças de máquinas que já são velhas há muitos anos, gente vendendo um pé só de sapato, um sinal de trânsito enferrujado, instrumentos que não tocam, revistas amareladas, bicicletas cobertas de ferrugem, pedaços de lustres de cristal… Cacetes estrelados, que porre! E o Daniele, que tem uma loja de móveis novos e usados, achando tudo bárbaro. Acabou levando pra casa uma minimotocicleta sem selim e dois helicópteros de plástico chineses, que ele viu numa feirinha em Perugia pelo dobro do preço. Saímos dali quase arrancando os cabelos de desespero e tocamos pra Porto Recanati, cidade litorânea mais perto de onde estávamos, já na província de Ancona, pra comer peixe. Mas o diabo da cidade não chegava nunca, nós morrendo de fome, duas da tarde, e nada. Uma idiota passeando com um cachorro idiota na rua nos deu a informação idiota de que a cidade estava a dois quilômetros de onde paramos pra pedir informações a ela, mas Porto Recanati foi aparecer só QUINZE quilômetros depois. Pior que uma idiota, só idiota que não sabe contar. Mas achamos um restaurantinho legal, comemos nosso peixinho (muito), pagamos (relativamente pouco) e fomos passear pela cidadezinha.
É engraçado como a arquitetura muda completamente em coisa de alguns quilômetros. Basta botar umas montanhas separando e parece que você está em outro planeta! O centro da cidade é todo novo, e as casinhas e prédios são totalmente diferentes daqui do interior do Laos. Como não estava frio, tinha muita gente na rua; imagino que fosse praticamente toda a população da cidade, já que cidade litorânea por aqui só existe no verão. Passeamos pelo “calçadão”, brincamos com vários cachorros, tirei algumas fotos apesar da quase neblina, e encaramos a estrada de volta. Só pra não perder a prática paramos em duas lojas de móveis no caminho, hohoho. E ainda passamos na Arianna, Mirco pra jantar e eu pra dar oi pro Leguinho, que pra variar estava dormindo com a gata. Safado.
Fotos do domingo aqui.