cousas

Estou numa fase ballet. Não lembro mais o que eu tava traduzindo no trabalho que tinha uma expressão de balé clássico, e voltou a mania de balé.

PARÊNTESES
Fiz uns poucos anos de balé clássico quando era novinha, mas, sendo gorda e automaticamente não graciosa, é lógico que não deu em nada. Às vezes fico pensando em quanto da minha vida foi e é condicionada pelo fato de ser gorda e feia – digamos que cem por cento. Eu tenho ótima noção de ritmo, tenho boa memória pra coreografia, sou MUITO flexível (quando fazia caratê, no aquecimento, em pé encostada na parede enquanto um colega levantava uma das pernas, o pé dessa perna levantada encostava na parede acima da minha cabeça), mas gorda e ainda por cima com uma quantidade de cabelo (ruim) que não cabe em redinha nenhuma do mundo não dá, né. Na verdade também sou muito preguiçosa e disciplina não é comigo, jamais agüentaria não sei quantas horas por dia ensaiando nem esporro de professor histérico, então é óbvio que a carreira de bailarina não era pra mim. Mas quando eu era muito pequena freqüentava o Municipal e assistia a praticamente todos os espetáculos da temporada de balé, porque um tio da minha mãe trabalhava lá e arrumava ingresso pra gente. Conheço a história de todos os grandes balés em todos os detalhes. E nunca, nunca deixei de gostar de dança clássica. Só que aqui não tem nada disso e ninguém nunca ouviu falar de bailarino nenhum nem de balé nenhum nem de compositor clássico nenhum nem de Bolshoi nem de Kirov, então esse assunto acabou ficando enfurnado num canto empoeirado da minha cabeça. Até eu bater os olhos naquele parágrafo que nem era sobre balé, mas usava uma metáfora com uma expressão conhecida.
FIM DOS PARÊNTESES

Então. Voltei pra casa e comecei a baixar coisas. Dei a cagada de conseguir baixar um Lago dos Cisnes, de longe o meu preferido, justamente com Nureyev e Margot Fonteyn. Agora há pouco estava passando roupa e revendo o balé pela enésima vez, enquanto o penúltimo capítulo de Lost não termina de baixar (tenho o último mas vou resistir e deixar pra assistir tudo em ordem direitinho). Vou te dizer, mesmo maquiado praticamente como a Isabelita dos Patins aquela mala do Nureyev era de cair o queixo. Vai dançar bem assim na casa do chapéu! E eu sei que a Fonteyn é isso e aquilo, uma das melhores bailarinas do século e tal, mas eu ainda prefiro as russas. Pelo menos em termos de “cisnidade” eu já vi coisa melhor (e ela não deu as famosas 32 piruetas).

Também é engraçado pensar em como tantas músicas de balé foram e são até hoje usadas pra desenhos animados, propagandas etc. A propaganda chata do leite Granarolo, com um mordomo ridículo e um garoto que, sendo italiano, grita uma frase incompreensível no final, tem um pedaço de Coppélia, por exemplo. A música do primeiro pas de deux de Giselle é manjadíssima. E a coreografia do Petipas é o que há, lógico. Quem nunca viu aquele pas de quatre das cisnezinhas de mãos dadas levanta a mão.

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Comprei um iPod Shuffle de presente pra mim mesma. Meu mp3 player velho tem só 128 Mb de espaço e é grande, chato de carregar quando vou correr, e come pilha de uma maneira assustadora. Então na quinta aproveitei que Fabiola cancelou a aula particular e fui do trabalho direto pro Ipercoop. Comprei o último, da vitrine, e ainda ganhei um desconto que eu nem sabia que tava rolando, porque os cupons não chegaram aqui em casa. Sessenta e quatro euritos por uma coisinha pequetitinha, bubuzíssima, onde posso enfiar facilmente todas as minhas músicas-de-correr, com bateria que dura 12 horas e tão leve que eu penduro na camiseta e não incomoda. Diliça.

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Por que é que todo bailarino é feio? Tipo assim, é pré-requisito? De bonito eu só consigo pensar no Roberto Bolle, que é um pedacinho de mau caminho, mas é só. Alguém me explica?