música

Eu nem comentei, mas há duas semanas fomos ver um concerto em Perugia. A Une tem assinatura do teatro, porque tem desconto como estudante de música, e nos convenceu a ir. Era uma miniorquestra de Salzburg. Chegamos cedo na cidade e paramos pra comer num restaurante napolitano horrível, mas o jantar demorou horrores pra chegar, então eu e Une comemos só antipasto e deixamos os meninos lá esperando os primi piatti, e fomos correndo pro teatro Morlacchi pra não perder a primeira parte.

Nossos ingressos eram horríveis porque não reservamos pelo telefone antes, então sentamos no pombal, lá no alto, por sorte bem em cima do palco. Mais da metade dos músicos eram mulheres, algumas de vestido comprido ou saia longa mas outras de calças. Uma ruiva usava uma blusinha transparente linda exatamente igual à da negona violinista, com uma maquiagem superbem feita, por sinal. Uma violinista loura com uma calça sequinha de tafetá e sapatilhas lindas. Uma senhora imensamente gorda vestida com algo que parecia uma cortina, em termos de dimensões, de um tecido muito elegante. Vários carecas, um rabo-de-cavalo, duas chinesas (uma nos tímpanos). Notei que uma das violinistas não parava de se mexer, mas achei que fosse só excentricidade. No final da primeira peça a Une esclareceu que na falta de maestro a primeira violinista assume o comando, e os movimentos do corpo e da cabeça substituem o bâton. Adorei.

A primeira peça foi de Mendelssohn, Die Schöne Melusine, Ouverture op. 32. Tinha muito tempo que eu não ia a um concerto, e fiquei muito emocionada. A música era muito, muito boa, e sentir o parapeito de madeira do velho teatro vibrando com as notas sob as minhas mãos foi puro deleite. Aplaudi até as mãos doerem.

Depois entrou a estrela da noite, a pianista Elisabeth Leonskaja, e seguiu-se outra peça de Mendelssohn, Concerto n. 1 em sol menor op. 25 para piano e orquestra, também linda. Mas eu não gosto de piano em concerto porque é que nem limão na comida, só dá ele e o resto mal dá pra perceber. Pra finalizar, Beethoven, concerto n. 4 em sol maior op. 58 para piano e orquestra. Gostei mais de Mendelssohn.

Mas saí do teatro completamente… elated. Tava precisando.