hmpf

Sumi, né. Nossa carga horária na faculdade tá pesadíssima, e por sorte desde que eu assista às aulas não preciso estudar muito, senão estaria ferrada, porque estamos sem tempo pra nada. Também tenho tido muito trabalho, não sei se feliz ou infelizmente. E como também tenho andado disciplinadíssima com a ginástica, acaba não sobrando tempo pra coisa nenhuma. Pra vocês terem uma idéia, ainda tô na metade do livro do Dennett, que só consigo ler no ponto de ônibus, praticamente.

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Temos vários vizinhos cretinos. Os napolitanos do andar térreo fumam e têm netos que gritam. O enxerido do apartamento ao lado deles tem dois filhos que gritam. O carabiniere do outro lado do andar térreo fala gritando. Sempre. Nosso andar é tranqüilo, sem contar a Velha Mais Feia do Mundo, que mora aqui ao lado, e que é fofoqueira daquelas que fica com o nariz na porta entreaberta quando ouve movimento fora, juro. Mas não me incomoda. A Perua Gorda do andar de cima anda de salto alto dentro de casa, todo santo dia. E mesmo quando tira o sapato (dá pra ouvir o barulho dos sapatos sendo jogados no chão) ela deve andar com a delicadeza de uma hipopótama, porque faz um barulhão do mesmo jeito. Os vizinhos gordos do outro lado do andar de cima passam o dia inteiro fumando na varanda, e ajeitando sabe-se lá o quê na garagem (que tem carpete. Vermelho. E não, eles não usam a garagem como um outro cômodo, é pra botar os carros mesmo).

Essa semana a última novidade: um maldito presépio logo na entrada do prédio. Vejam bem, não é só o problema do valor intrínseco do presépio, porque seria chover no molhado. Vocês sabem que qualquer coisa remotamente relacionada a religião não tem, na minha opinião, razão de existir. E tenho que admitir que estou ficando ainda mais radical sobre esse assunto, se é que é possível (já tem vários adesivos dos The Brights e do Dawkins na casa da minha amiga na Filadélfia, só me esperando). Acho mesmo que a religião é o maior inimigo da razão e da civilização, e ainda por cima rimou. Mas o problema do presépio não é só esse. O problema é que o bicho é FEIOOOO. Musgo de mentirinha muito mal feito, pessoinhas não identificáveis, bichos capengas, e, cerejinha no chantilly: fica ligado na tomada a noite toda, pra alimentar as luzinhas e as, tchan tchan tchan tchan, agüinhas que se movem pra lá e pra cá! Sabe aqueles minichafarizes horripilantes com agüinha em movimento, luz colorida, gelo seco e essência floral? Nesse estilo. Resumindo: já é uma coisa idiota assim intrinsicamente, ainda por cima é feio, e pra completar é anti-ecológico! Vai se foder! Tudo isso sem pedir o consenso de ninguém, vejam bem. Ninguém veio bater aqui na minha porta perguntar se eu concordava com a porra do presépio hediondo. Nem tenho a menor idéia de quem armou o maldito (suspeito do enxerido, que é gente boa mas é babaaaaaaaaaaaca até dizer chega).

Que cafonismo.

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Sempre na linha “god is not great”, já até sei o que diria pros meus filhos quando viessem pra casa dizendo mamãe, mamãe, o giovannizinho veio dizer que eu sou estranha porque não sou batizada! Por que eu não sou batizada? E eu responderia, porque eu confio no seu céRebro e na educação que estou te dando, e acho que o melhor presente que um pai pode dar a um filho é a opção e condições de fazer suas próprias escolhas.

Deu pra perceber que esse papa já torrou a paciência há muito tempo? Que cansei de ter que ouvir o que esse cretino pensa, fala, come e faz todos os dias no telejornal? Que toda vez que alguém me vem com “menina, cabelo molhado, vai pegar pneumonia!” eu mando mentalmente o papa, todos os rabinos e imans e pastores do mundo tomar no cu? Deu, né.