das montanhas

Tô pra escrever sobre esse assunto há pelo menos uma semana, desde que rolou o primeiro acidente envolvendo escaladores italianos lá não sei onde (antes dessas 9 mortes noticiadas pelo Globo hoje). A Cora me antecipou, mas parcialmente. Porque enquanto que a minha reação ao ouvir falar da morte desses caras também foi exatamente “whatever”, a do Mirco foi, “ótimo, talvez agora neguinho aprenda”. Começamos a falar sobre o assunto e chegamos à seguinte conclusão: as famílias é que deveriam arcar com as despesas de resgate.

Pensa bem: o cara sai do conforto do seu lar pra escalar uma porra de uma montanha que não faz a menor questão de ser escalada, em condições extremas, sabendo do altíssimo risco de cair/se perder/sumir/congelar/whatever, gasta uma grana pretíssima nisso, e ainda por cima quando cai/se perde/some/congela o governo (local ou do seu país, não sei como funciona direito) ainda tem que mandar helicóptero, outros escaladores, esquiadores, cachorros e o diabo a quatro pra salvar o fulano – tudo isso só pra ter o prazer de voltar do K9 com uma camiseta “I reached the top of K9 and all I got was this lousy T-shirt”. Eu não sei vocês, mas acho uma falta de respeito, um egoísmo, de dimensões intergalácticas. Como já dizia a sábia Eva, a empregada mais nota dez que já tivemos: se tivessem um tanque cheio de roupa pra lavar esse tipo de coisa não aconteceria…

Então eu subi mais um degrau na escala do radicalismo. Porque se o lema do médico é primum non nocere, o de todo ser humano deveria ser primum non encherusacus. Ninguém tem o direito de encher o saco dos outros assim, causando preocupação aos parentes e despesas a quem tem que resgatá-los e tomando o espaço de notícias mais importantes no telejornal. Sendo assim, passei de “whatever” a “antes eles do que eu” e, finalmente, a “já vão tarde”. Amém.