Acordamos mais ou menos cedo e fomos direto pra padaria aqui na rua transversal comprar pão. Um horror, indecisão total, todos os pães absolutamente maravilhosos, no final foi uma escolha de Sofia: abrimos mão do pão de nozes (pelo menos por enquanto) e pedimos uma minibaguette de sete grãos, além de quatro das madeleines que eu estava paquerando desde que chegamos. Levamos pra casa e tomamos nosso café, felizes da vida. Não preciso nem dizer que o pão tava divino.
De barriga cheia, aproveitamos o dia lindo pra ir ao Musée Rodin (Rue de Varenne), já que muitas das esculturas de bronze ficam no jardim, maravilhoso, e passeio em jardim maravilhoso requer um dia lindo. Ficamos um tempão lá passeando, fazendo nada, curtindo o solzinho e os poucos visitantes, antes de finalmente entrar no museu propriamente dito. O acervo é ótimo; pra quem não sabe, não há só obras do Rodin (e da Camille Claudel, lógico), mas também tem algumas peças da coleção pessoal do escultor. Coisas lindas; o museu é bárbaro e vale muito a pena visitar.
Como tínhamos comprado o passeport, o ingresso combinado Rodin-Orsay, lá pra hora do almoço saímos do Rodin, pegamos o Boulevard des Invalides até o Quai dOrsay e fomos catar um lugar pra comer antes de entrar no museu. Seguimos a Rue de Bellechasse nos afastando do rio, pra procurar lugares que não fossem armadilhas de turista. Acabamos comendo num lugarzinho bem legal, no número 12, administrado por um jovem casal de chineses (ou talvez fossem irmãos, não sabemos) incrivelmente simpáticos e sorridentes. O lugar é todo novinho, limpo, arrumadinho, e a comida estava ótima: quiche de espinafre com salmão pra mim, espinafre e queijo de cabra pra Lulu. O preço foi bem razoável, o pedaço de quiche é grande o suficiente pra matar a fome, ao contrário de outros lugares que vimos por aí, e os chineses são realmente simpaticíssimos. O detalhe: mesmo entre eles, falavam um francês impecável, coisa que eu acho hilária. De barriga cheia, finalmente tocamos pro museu.
Não estava lotado, mas mesmo assim tinha uma filinha que nós, com nosso passeport em mãos, evitamos completamente. Tivemos bastante tempo pra apreciar o museu, que é grande mas não gigante, mas acabamos batendo tanto papo sentadas ali no corredorzão central, vendo as figuras que passavam, que acabamos não vendo tudo. Lulu vai voltar na quarta-feira, quando vou embora, que é quando começa uma exposição do Picasso (que eu logicamente vou perder).
Na saída já estávamos com fome de novo e voltamos nos chineses pra comer um croque monsieur (uma espécie de misto quente com queijo gratinado por cima, que eu encarei valentemente e adorei) e sorvete de limão (Lulu). Tava meio friinho mas resolvemos ir bater perna assim mesmo, e fomos andando até a Place de la Concorde, onde estava rolando uma espécie de festival de comemoração dos 100 anos da indústria aeroespacial francesa, uma cabeçada danada. Além da cabeçada, a cada rajada de vento subia uma poeirada desgraçada, de modo que apertamos o passo até o Champs Élysées. Entramos na Virgin pra fazer xixi (só 20 centavos; alguns lugares cobram um euro), demos umas voltas, sentamos num banco pra observar a fauna, e quando finalmente cansamos atravessamos pro outro lado, pegamos a Rue Pierre Charron, viramos à esquerda na François 1ère e fomos reto até a Place du Canada. Dali até a Pont des Invalides é um salto, e uma vez atravessado o rio foi só pegar a La Tour Maubourg e depois a terceira direita, que é a nossa. Paramos num chinês pra jantar (eu fui modesta e só comi dois ravioli grelhados; a Lulu foi de sopa de tofu picante e dois ravioli de camarão no vapor) e voltamos pra casa.
Estávamos exaustas, até porque os livros nas lojas dos museus são inevitáveis e carregar peso por toda essa distância não é mole, e nossos pés estavam em chamas de tanto andar. Enquanto eu falava com o Mirco no telefone, que tinha comido uma sopa velha que tava dando sopa (hohoho) em casa desde que eu saí de lá e passou mal a noite inteira na casa da mãe dele, a Lulu deitou no sofá com a desculpa de que ia ver televisão. Ahã. Nem chegou a ligar a bichinha; capotou rapidinho e quando eu desliguei o telefone ela levantou feito um zumbi e foi zumbizando pra cama. Eu ainda li um pouco do Nicholas que comprei ontem, mas estou com soninho e estou indo dormir. Bonne nuit.