paris

Depois da canseira de ontem, acabamos acordando tarde hoje e resolvemos pegar leve com a andação. Mas não só acordamos tarde como fomos dormir DE NOVO depois de tomar café! Reacordamos só à uma da tarde e saímos pra, tchã tchã tchã tchãaaaaaaaaa, catar um lugar pra comer antes de ir ao Musée de l’Orangerie, que hoje era grátis por ser o primeiro domingo do mês. Então pegamos a La Tour Maubourg até a Pont des Invalides, viramos à direita na Cours La Reine até a Place de la Concorde, pegamos a Rue Royale e seguimos até a Madeleine, aquela igreja que é bonita por fora e cafona por dentro. Embocamos no Boulevard des Capucines e enfrentamos o vento forte pra dar uma zoiada nas brasseries. Acabamos descobrindo um lugar bem legalzinho, chamado Capucine mesmo, no número 39. Tudo novinho, bonito, confortável, garçons simpáticos (fomos atendidos por um português, ou filho de portugueses, com cara de nerd), comida boa (sopa de legumes deliciosa e um filé com molho de pimenta acompanhado de batatas fritas sequinhas) e por um preço justo (17 euros por pessoa, sem bebida). Saímos felizes da vida e voltamos pela Royale de novo até o museu, que fica dentro do Jardin des Tuileries.

Ficamos meia hora na fila, encarando o vento forte mas não gelado e um chuvisco chatíssimo. O museu é bem pequeno, são umas 150 obras de grandes artistas: tem umas ninféias gigantes do Monet, uns Picassos, uns Modiglianis, uns Renoirs, uns Rousseaus (descobri que o Rousseau é o Paulo Coelho da pintura, ô sucesso mais desmerecido, pelamordedeus! O cara é um horror!) e tal. Interessante, mas acho que não vale a pena pagar o ingresso, então foi ótimo entrar de graça. Alguns dos Picassos que fazem parte deste acervo já tinham sido levados pra tal mostra que vai começar no Orsay depois que eu sair, mas como havia reproduções em tamanho real no lugar delas, deu pra apreciar legal.

Quando saímos o tempo não tinha melhorado nada, mas mesmo assim fomos novamente ao Champs Élysées catar uns livros de francês pra mãe da Lulu na Virgin. Desnecessário dizer que ela não achou o que queria, mas eu saí de lá com vários livros de exercícios de francês e quatro Astérix.

Pausa para o momento reflexivo-intelecto-lingüístico.

Toda vez que eu vim à França eu voltei pra casa prometendo a mim mesma que na próxima vez eu estaria falando francês. Já comentei aqui n vezes que eu considero não falar francês uma lacuna intelectual das grandes, mas dessa vez a coisa está me irritando de maneira fenomenal mesmo. Porque a Lulu fala MUITO bem e bate altos papos com todo mundo (aliás, parênteses, TO-DOS os vendedores e funcionários de TO-DAS as lojas e TO-DOS os restaurantes em que entramos, TO-DAS as pessoas que paramos na rua pra pedir informações, enfim, TO-DAS as criaturas, 100% francesas ou imigrantes, com as quais falamos foram incrivelmente simpáticas – não falo de não ser antipático, mas de ser ativamente simpático: puxar assunto, brincar, sorrir com sinceridade, perguntar que língua falamos, onde a Lulu comprou a bolsa dela, etc. Ponto pros parisienses, muito muito muito muito mais legais que os londrinos chatões). E apesar de eu entender muito bem o francês escrito e um tiquinho do francês falado, não ser capaz de falar essa língua que eu AMO e desse país que eu admiro pra cacete é MUITO frustrante. Então pretendo me aplicar seriamente e estudar e aprender a falar, pra virar gente.

Fim da pausa.

Na Fnac compramos CDs de música francesa (Lulu) e DVDs baratos (eu; Amadeus e O Advogado do Diabo). Entramos em várias lojas de óculos pra catar óculos escuros pras amigas da Lulu, mas não encontramos nada. Entramos na Yves Rocher pra ver se encontrávamos o sabonete líquido de figo e ginseng maravilhoso que tem aqui em casa, mas não achamos e acabamos comprando creminhos de amora, kiwi, pêssego. Paramos no Brioche Dorée pra comer tartelette de chocolate com banana e chocolate quente (eu) e brownie com mocaccino (Lulu), porque o Paul estava lotado, e de lá tocamos direto pra casa, seguindo o mesmo trajeto que fizemos ontem e babando de novo nos prédios das maisons de moda, um mais desbundante do que o outro.

Pausa para reflexão estética.

As francesas têm um charme natural inexplicável tão grande que dá vontade de matar. Completamente diferentes das italianas, que também são bonitas mas tendem a exagerar nas roupas, nos saltos, nas maquiagens, nos perfumes, nos cortes de cabelo bizarros (tipo franja lisa e o resto do cabelo todo de baby-liss, essas aberrações assim). As francesas não têm nada de particular. São elegantemente magras, mas as italianas também são. Têm cabelo bom, mas as italianas também. Normalmente têm a pele linda, que as italianas também têm. Mas enquanto que as italianas têm que se produzir pra ficarem elegantes, as francesas não fazem nada. Nada. Usam roupas bem básicas, bem cortadas mas simples, jogam uma écharpe no pescoço e saem lindando pelas ruas, sem fazer nenhum esforço. Malditas.

Fim da pausa.

E agora com licença que amanhã é dia de shopping (a lista de compras da Lulu ainda não foi totalmente dealt with) e por incrível que pareça já estamos com sono de novo.