Não pára de chover na Bota. No país inteiro. Aqui na Umbria entre ontem e hoje choveu mais do que normalmente chove no mês de dezembro inteiro. O riacho que atravessa Bastia, um afluente do Tibre, está furiosíssimo e as árvores das margens estão com água na altura dos sovacos. O Mirco hoje emprestou a empilhadeira pra prefeitura de uma cidade perto da oficina, porque eles tiveram que comprar uma quantidade avassaladora de sal pra jogar nas estradas de montanha e não tinham como descarregar. Muita gente lá pros lados de Todi foi orientada pela Defesa Civil a sair de casa porque havia risco de alagamento. O Arno, em Florença, já chegou ao primeiro nível de emergência. Veneza está submersa na maior acqua alta dos últimos não sei quantos anos.
Em Roma, que é tudo na vida inclusive porque chove muito pouco, chove ininterruptamente há não sei quantas horas. Essa noite uma mulher morreu afogada quando passou com seu SUV por baixo de um viaduto e encontrou QUATRO METROS de água. Não conseguiu abrir as portas, nem as janelas (vivam os vidros que abrem com manivela), a água entrou, ela não conseguiu sair, e morreu.
No norte, escolas fechadas por causa da neve nas estradas, caminhões removedores de neve trabalhando a toda, perigo de avalanche nas áreas montanhosas.
No sul, as ilhas isoladas por causa do mar fortíssimo.
Segundo os meteorologistas, já se sabia que esse inverno iria ser pauleira porque as manchas na superfície do sol andavam muito poucas, o que significa menos atividade e portanto menos calor. Se é assim mesmo que a coisa funciona, não sei. O que eu sei é que estou ADORANDO poder trabalhar de casa, ao lado do radiador, ouvindo o pat-pat da chuva na janela. E adorando mais ainda me enfiar debaixo das cobertas depois do almoço pra dar aquela dormidinha básica que dias chuvosos exigem.