Semana passada morreram acho que 6 paraquedistas italianos em um atentado em Cabul. Superchato, também acho, mas os caras morreram 1) a trabalho e 2) não exatamente de maneira inesperada, já que ir ao Afeganistão nesses tempos não é exatamente como dar uma volta a pé num vilarejo na Provence. Por isso acho absolutamente, ridiculamente desnecessário o drama que se criou ao redor dessa história.
Funerais de estado, com direito a tiro de canhão e coisa e tal. Foram todos promovidos post-mortem, teve minuto de silêncio no Senado, a agência nacional de notícias fez um minuto de silêncio, ou seja, sem mandar notícias, o funeral teve cobertura ao vivo de não sei quantos canais de televisão. Le Frecce Tricolori (a Esquadrilha da Fumaça italiana) voando nos céus de Roma. Os caras foram promovidos a heróis nacionais. Só que, até onde eu sei, estar ajudando a levar a democracia (cof cof) lá pros cafundós do Judas, e não defendendo a pátria de perigos externos, não tem nada de heróico (acho que esse heróico perdeu o acento mas estou com preguiça de procurar). Até porque eles são muuuuuuuuuito bem pagos por isso; não deixa de ser uma espécie de mercenarismo moderno. Essa mania de transformar em mártir tudo que é soldado que morre em guerras idiotas anda me irritando deveras. Soldados em guerra morrem, cacete! Pra mim é muito mais merecedor de funerais de estado o peão que morre caindo do andaime enquanto estava construindo ponte porque o empregador não deu equipamento de segurança.
Ora, façam-me o favor.