Vou postar assim como se nada tivesse acontecido, como se isso aqui não estivesse abandonado, tá bom? Tipo, eu finjo que tenho uma vida normal, com tempo pra postar, e vocês fingem que acreditam.
Então. Minha mãe passou quase três meses aqui, desde o final do ano até o aniversário da Carol, e tive a oportunidade de fazer uma coisa que não rolava desde que pari (eu sei que a expressão é feia em português, mas é que em italiano é supercomum e já me acostumei a ouvir “Sabe quem pariu? A Fulana”): ler. Porque há coisas que dá pra fazer com filho em casa, tipo cozinhar, dar uma geral na casa, tomar banho (ela fica no berço dentro do banheiro brincando com as coisinhas dela), pendurar roupa na corda, essas coisa legais. E há coisas que são impossíveis na presença de criança, como ler, ver (ou ouvir) televisão, usar o computador, fazer ginástica. Essa segunda categoria de coisas eu faço quando ela está dormindo, ou então quando ela está na Arianna. Mas como deixar filho na casa da avó pra ler é meio tipo assim o fim da picada, a coisa não tava rolando mesmo. Só consegui quando minha mãe veio: ela ficava com a Carol, eu ia dormir pra me recuperar das noites em branco e lia uma meia horinha antes de pegar no sono.
Logicamente, a oportunidade era preciosa e não podia ser desperdiçada com paulo coelhos e dan browns, pé de pato mangalô três vezes. Então pensei, pensei, pensei e escolhi The Poisonwood Bible, que andava na minha estante há um bom tempo. Gostei MUITO. Muito legal acompanhar as mudanças, a evolução das personagens. Muito legal também aprender pequenas coisas sobre a África, no início, e depois coisas mais hardcore – política, guerras. O texto é muito bem escrito, as personagens são marcantes, os subplots que vão aparecendo conforme a história vai avançando se encaixam muito bem. Ótima pedida.
Depois desse eu dei um megamole e comecei a ler uma chatura que levei séculos pra terminar: The Book Thief, que se não me engano foi traduzido no Brasil como A Menina que Roubava Livros e, que se não me engano de novo, teve capa da Newlands. Caralho, exclamou a princesinha, QUE LIVRO CHATO! Eu não sei de onde tirei a ideia idiota de comprar um livro sobre a WWII. Detesto esse assunto, detesto, detesto, acho que já deu o que tinha que dar, chega, torrou a paciência, sim, tadinhos dos judeus e coisa e tal. Porreeeeeeee! Terminei porque sou teimosa e porque a ideia era razoavelmente original, então insisti. Mas jurei a mim mesma que nunca mais vou ler nada sobre esse assunto porque me irrita uma quantidade.
Pra me recuperar do trauma, voltei ao fantasy. Fui de The Steel Remains, que foi uma sensação quando lançado. Sim, o texto é bom; sim, tem algumas tiradas ótimas; não, não gosto das cenas de sexo desnecessárias e sobretudo da forçação de barra total sobre a homossexualidade do personagem principal. O cara é macho pra cacete, mas é bicha. E daí, você pergunta aos seus botões. Por que ficar jogando isso na nossa cara o tempo todo como se fosse uma coisa importantíssima? Ainda não decidi se vou continuar lendo a série.
Depois resolvi escolher um stand-alone, pra não ficar me desesperando enquanto o próximo livro não sai. Só que, sendo uma anta, não fui conferir na internet se o livro era realmente sozinho ou se parte de uma série. Adivinhem? É o primeiro de uma série. Adivinhem quando sai o próximo? Em DOIS MIL E ONZE! Puta que me pariu. De qualquer maneira, gostei pra caramba: The Name of the Wind. A resenha fala de uma mistura de Harry Potter com sei lá o que mais, porque uma parte da história se passa em uma universidade, mas achei o paralelo meio forçado. O cara escreve bem pra caramba, a história é envolvente e eu fiquei com ódio de mim mesma por ter escolhido um livro que acaba em cliffhanger e a continuação só sai ano que vem. Merda. Meu único problema com esse livro foram os nomes dos personagens. Kvothe? Que merda de nome é esse? Jack e David? Oi? Metade dos personagens tem nomes inventados de fantasy, quase sempre no mesmo nível de horror de “Kvothe”; a outra metade se chama Jack, Jimmy, Mary. Coisa mais broxante. Mas enfim, não se pode ter tudo, não é mesmo.
Li também os dois primeiros da série Millenium, e adorei. Engraçado como livro sueco é tudo muito parecido em termos de estilo; não sei se é mérito da tradução em inglês que uniformiza tudo, mas todos os que eu já li até hoje, de vários autores diferentes, me pareceram muito semelhantes. Tipo, você lê meia frase e imediatamente sabe que é uma parada sueca, embora eu não saiba nada sobre a Suécia. De qualquer forma, o bom dos livros é obviamente a história, porque de literatura ali tem muito pouco. Claro que já comprei o terceiro, que chegou ontem, e não vejo a hora de ler. Por favor ignorem as capas.
Não resisti e voltei pro fantasy. Dessa vez peguei um Guy Gavriel Kay que tava me olhando da estante há o maior tempão: Ysabel. Não chega aos pés das outras obras-primas dele, mas dá bem pro gasto, principalmente porque se passa na França. Nham. E aí lembrei que tem um livro novo dele saindo, e os reviews são fenomenais, e acabei dando um pre-order na Amazon e agora estaria roendo as unhas de ansiedade pra ler o bichinho, se eu fosse o tipo de pessoa que come as unhas. Pra matar o tempo enquanto Under Heaven não vem, estou relendo Tigana, sempre dele, depois de muuuuito tempo. A edição que eu tenho foi um Couchsurfer que deixou de presente no ano retrasado; ele já tinha lido e não queria ficar carregando aquele murundu pra cima e pra baixo (mais uma razão pra você se inscrever no Couchsurfing: hóspedes frequentemente deixam livros que não querem levar durante as viagens). Tinha esquecido como esse livro é bom, putz.
Que horas eu leio isso tudo? Meia horinha (cof cof digamos que um pouco mais) antes de dormir. Infelizmente não tem outro jeito; tenho que abrir mão de horas de sono pra poder ler. Mas eu sou o que eu leio, e por isso prefiro dormir menos e passar o dia em zumbi mode, sinceramente. Quando leio Lúcia-Já-Vou-Indo pra Carol depois da mamadeira quem já vai indo sou eu, mas felizmente a Carolina agora pega no sono rápido e eu vou correndo pra baixo do meu edredom pra ler mais uns capitulozinhos básicos. E assim vamos que vamos.