e a copa, hein?

Bom, fodeu tudo, né. Sinceramente nunca acreditei muito na nossa seleção, mas o Brasil era dado como favorito aqui em todos os programas de futebol, de modo que a derrota pra Holanda foi realmente um banho de água fria.

Foi lindo ver a Argentina perder daquele jeito. E não só porque eles me são incrivelmente antipáticos e arrogantes, mas porque acho o Maradona uma das figuras mais odiosas da face da Terra e merecia um tapa na cara bem estalado. Não consigo entender isso do cara ser um ídolo mesmo sendo um idiota. Nunca fui capaz de entender a supremacia do talento (ou do esforço) sobre a integridade de caráter. O cara jogava pra cacete, granted, mas É UM FILHO DA PUTA! Drogado! Arrogante! Desonesto! Cara, se tudo isso não anula completamente o talento que ele tinha então eu não quero mais viver nesse mundo não.

Isso me lembra uma conversa que tivemos uma vez à mesa do jantar na casa da Arianna. Estávamos falando de um ex-funcionário do Mirco, que chegou a ser muito amigo dele, que é completamente maluco. O Ettore dizia que não entendia por que ele nunca namorava, porque era tão trabalhador. Oi? Ele é maluco, ma-lu-co, desequilibrado, inconsistente, louco! Quem é que atura isso? “Mas ele trabalha tanto!”, repetia o Ettore, como se isso resolvesse todos os problemas do mundo. Já ouvi coisas desse tipo de muitas outras pessoas. “Ah, ele pode ser burro/chato/desonesto/mulherengo/sujo/mau com os filhos/violento com a mulher/etc, mas é tão trabalhador!” SOCORRO! As pessoas aqui levam a primeira frase da Constituição a sério demais (“L’Italia è una repubblica fondata sul lavoro…”). Detesto esse conceito de botar o trabalho no centro do universo. Sou só eu que considero o trabalho um mal necessário? Um meio pra chegar aos fins? Coisa mais chata isso de ter uma vida tão vazia que só resta trabalhar; estou de saco cheio dessa gente ignorante. E não estou falando só dos meus sogros não, que não são capazes de contar uma história direito, muito menos de explicar o que estão vendo na televisão porque mal sabem escrever; temos amigos da nossa idade cuja vida se resume a trabalhar e nada mais importa. Gente que passa a vida juntando dinheiro sabe-se lá pra quê, já que nunca o aproveitam, e nunca o aproveitam porque não saberiam o que fazer sem trabalhar, pois nunca fizeram outra coisa. Coisa mais chataaaaaa!