O Benny postou sobre os EUA essa semana. Concordo com absolutamente tudo o que ele disse, mas tenho que adicionar um porém: não existe país no mundo melhor pra se viajar do que os EUA. Porque TUDO é feito pra famílias e crianças, e porque a eficiência deles chega a dar medo, principalmente pra quem sai dessa zona que é a Itália. Aqui você praticamente tem que usar um megafone pra pedir um cadeirão pras crianças, e se o restaurante estiver cheio pode apostar que não vai ter pra todos, mesmo em restaurantes teoricamente mais direcionados pra crianças (como o napolitano onde vamos frequentemente porque tem um pula-pula gigante pros rebentos pularem enquanto os adultos comem com calma). Enquanto isso, nos EUA, quando a garçonete com o sorriso falso leva você até a sua mesa você já encontra o cadeirão, o papel e os lápis de cera esperando por você, assim como o copinho de plástico com canudo e tampa pra criança beber água. Não parece não, mas essas coisinhas fazem uma grande diferença durante uma viagem. Porque os EUA são um país previsível; apesar de ser imenso, culturalmente é bastante homogêneo (a não ser a Califórnia e NY que são mundos paralelos), o que logicamente pode ser visto como um defeito mas que tranquiliza muito quem viaja com pimpolhos e cujo maior pavor é o desconhecido em caso de emergência. De forma que não tenho do que reclamar; adoro viajar pra lá, adoro fazer compras lá (porque vamos combinar que tem muita coisa em termos de praticidade que não existe aqui na Bota), adoro a facilidade de fazer qualquer coisa, ao contrário do Brasil e da Itália.
No lugar do Benny, eu colocaria o sorriso falso em primeiro lugar. Me dá um nervoso danado. Outro dia estava eu fazendo a minha ginástica, levantando meus pesões power, quando o Mirco, que estava almoçando, perguntou “mas por que é que essas idiotas ficam rindo o tempo inteiro? Olha o tamanho do peso que a mulher tá levantando; que merda de sorriso é esse?”. Nos DVDs com os rounds de TurboKick, feitos pra instrutores e/ou pra quem está treinando pra virar um, a Chalene, que é a clássica americana, repete continuamente que é preciso sorrir sempre. Cara, na boa, essa auto-enganação é tão ridícula! Tipo, você finge que está mesmo super curtindo as suas flexões e eu finjo que acredito. Faça-me o favor! No caso da Disney eu nem digo nada; a ideia é mesmo a de estar em outro mundo, e esse tipo de comportamento ajuda a entrar na fantasia, mas pelamordedarwin, a mulher toda suada, quase sem fôlego, fazendo exercício de tríceps com peso de 17,5 pounds, e SORRINDO? Vai ser babaca assim no inferno.
Claro que na Europa neguinho exagera no outro sentido; normalmente os clientes são tratados pelos prestadores de serviço como se estivessem fazendo um grande favor em estar ali comprando o que eles têm pra vender. Ter que agitar os braços, apitar, botar neon na testa (ou, como fez o Mirco uma vez, depois de meia hora esperando pelo cardápio – simplesmente ligou do celular pro número do restaurante e falou “eu estou aqui na mesa tal e queria pedir o cardápio…”) pra chamar a atenção do garçom é quase tão irritante quanto ter que aturar o “is everything ok?” a cada 5 minutos no restaurante americano. Enfim, o que eu queria dizer é que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, saca.
Há muito tempo li um livro chamado Il Sogno Europeo (li em italiano na faculdade) e gostei muito. Apesar de fazer váaaarias previsões que não deram certo, o autor faz uma análise dos aspectos históricos que levaram às diferenças culturais entre Europa e EUA. Bem interessante. Não sei se o cara deu uma atualizada no livro, mas de qualquer maneira acho que vale a pena ler.