carabinierices

Ligam-nos dos Carabinieri (a polícia militar daqui) pedindo pra gente comparecer ao quartel pra assinar uns documentos relacionados à Carolina. Sabendo que a coisa se referia ao pedido de adicionar os meus sobrenomes, fomos. Somos atendidos por um Carabiniere pedaço de mau caminho, muito educado e gentil como todos os Carabinieri que já encontrei e que já me pararam no trânsito ou já me atenderam de alguma maneira. Ele pega uma folha de papel quadriculado (inexplicavelmente eles aqui usam papel quadriculado pra tudo), daqueles vagabundos que de tão fino não se pode usar caneta pilot porque senão mancha o que estiver por baixo, e começa a anotar os nossos dados. Anotados os números das carteiras de identidade e os nomes dos dois no tal papel vagabundo, dá-se o seguinte diálogo.

Carabiniere Pedaço de Mau Caminho: Mas vem cá, isso tudo aqui é sobrenome?

Eu: É.

Carabiniere PMC: Tá… E é comum no Brasil ter cinco sobrenomes?

Eu: Não, é que a minha família é antiga mesmo e meu avô tinha mania de genealogia.

Carabiniere PMC: Tá… E vocês querem então que a sua filha tenha SEIS sobrenomes, cinco seus e um do pai?

Nós: Isso.

Carabiniere PMC: Motivo…?

Eu: Porque ela é filha de duas pessoas e não de uma só.

Mirco: Porque tem juízes na cidade dela com esse sobrenome, pode valer um pistolão no futuro, nunca se sabe.

Carabiniere PMC: Esse monte de sobrenome não vai complicar a vida dela não?

Eu: Nunca complicou a minha. Pelo contrário, todo mundo se lembra de mim. É só dizer “sou aquela dos cinco sobrenomes” que todo mundo sabe quem é.

Carabiniere PMC, sorrindo: Tem razão. Bom, era só isso, senhores.

Saímos, nos olhamos, começamos a rir. “Papel quadriculado???”, dissemos ao mesmo tempo. “Timbrado era pedir muito?”, disse o Mirco, sacudindo a cabeça.

No problem. O importante é que o processo siga adiante e ela ganhe os meus sobrenomes. Não importa se ela só vai conseguir decorar todos quando estiver na faculdade.

17 ideias sobre “carabinierices

  1. O Guilherme e o Felipe ganharam também nomes grandes, porque eu não tive coragem de excluir o Lauria (da família da minha sogra), que eu acho ser um nome forte (eles já são conhecidos como Guilherme e Felipe Lauria). Não tive peito também para tirar o Reis do meu sogro e coloquei o Franco Henriques do meu pai (é composto). Conclusão: o Queiroz da minha mãe dançou (e eu gosto desse sobrenome). Seria maldade demais com os meninos botar seis nomes. Ficou assim então: Guilherme e Felipe Lauria Reis Franco Henriques. Que tal? Beijos e saudades.

  2. Pra complementar o que a Camila disse, em caso de serem os dois estrangeiros, vale a lei do prórpio país, por isso, apesar das meninas terem nascido aqui, pudemos colocar três sobrenomes, como ficou meu nome depois de casad, que é uma salada doidado meu de solteira com dele. Sempre que tenho consulta médica ou coisa que exija falar o sobrenome, eu digo “Escolhe aí qual que vc quer colocar no papel, se tiver com preguiça escreve um só e pt”.

  3. Aqui na França não sei se é obrigatório ter o sobrenome do marido, mas quase todas as mulheres têm e abandonam o seu. Sou solteira, mas o telefone aqui de casa está no nome do dono do apartamento, Monsieur Martin. Mas sou eu que pago. Só está no nome dele porque é a mesma conta de antes de eu chegar e seria burocrático demais mudar.
    Pois bem, cada vez que ligam por causa de alguma questão relacionada ao telefone, eles começam: “Bonjour, madame Martin”. Aí eu falava que não era a tal madame Martin. Meu, acredita que eles nem queriam resolver a questão comigo? Tinha que ser só com o Monsieur Martin e com a esposa se ele fosse casado. E eu ficava sem saber o que era, sendo que EU que pago a conta. Agora sou obrigada a falar que sou a tal Madame Martin se quiser resolver alguma coisa sobre a linha. Absurdo, né?
    Agora, queria que o nome da minha mãe inteiro viesse pra mim: Meu nome é Renata Rocha Inforzato. O da minha mãe é Franco da Rocha (que nem aquela cidade “linda” da periferia de SP). Franco da Rocha é muito mais bonito do que só Rocha…. Beijão, adoro ler vc.

    • Aqui ninguém adiciona o sobrenome do marido quando casa, então nas campainhas das portas e interfones tem o nome e o sobrenome de todo mundo, mesmo quando são casados: Fulano da Silva, Beltrana de Souza. Então nunca tive problemas do estilo Monsieur Martin :)

  4. Po, Leticia, mas vc resolveu botar os CINCO? :)

    (Aqui em casa a gente botou um de cada lado, ambos como family name – e nao como middle name – e jah causa uma confusao danada. Mas anyway, o importante eh que vc tenha a opcao de botar quantos quiser e que a decisao seja sua e do Mirco e de mais ninguem. Aqui na Inglaterra vc monta o nome como quiser e ninguem tem nada com isso)

    • Só lembrando que, no Brasil, você também pode montar o nome da criança como quiser e ninguém tem nada com isso. Na verdade, pelo Código Civil em vigor desde 2003, você pode usar até um sobrenome que não seja seu nem do(a) cônjuge. Mas, sinceramente, nunca vi um caso desses, e duvido que algum tabelião aceite (todos formados à moda antiga, todos ainda escrevendo com termos do século XIX).

    • Europeu não, italiano. Porque que eu saiba em outros países você pode, pelo menos, escolher qual dos dois botar. Aqui é OBRIGATÓRIO botar só o do pai! Ora bolas, vão todos se foder!

      • Europeu sim e não, Leticia. Cá por estas bandas, vale o “nome da família” – geralmente o sobrenome do pai, já que a maioria das mulheres ainda abandona o próprio e adota o do marido. Esse conceito de “Familienname”, family name e por aí vai ainda é forte em boa parte da Europa. Veja as inglesas, que assinam Fulana de Tal, née Smith.

        Na Alemanha só é permitido ter dois sobrenomes – quando o pai tem um e a mãe outro e os dois são casados, é possível criar um sobrenome duplo, com hífen. Caso não sejam casados, o filho não tem direito ao nome do pai!

        Sofro com os meus três sobrenomes, que costumam provocar espasmos mentais em boa parte dos alemães que olham pra eles… Dificilmente acertam na hora de escrevê-lo num formulário, sempre falta espaço. “Mas tem certeza que são todos sobrenomes?” Não, Pedro Bó. Ainda bem que você perguntou e eu finalmente me dei conta que não tenho a menor ideia do que sejam essas palavras. :-P

        E que legal que vai dar certo! Fiquei feliz por vcs!

      • Sim, Camila, mas você mesma disse – a maioria das mulheres ainda abandona o próprio sobrenome e adota o do marido. Isso significa que não é obrigatório fazer assim. Aqui a coisa é completamente compulsória e até julho desse ano o procedimento pra requisitar a adição do sobrenome da mãe era longo e complicadíssimo, passando na mão de zilhões de pessoas. Agora vai só pra prefeitura, sem passar pelo Ministério do Interior, o que facilita muito as coisas. O prazo anterior era de 2 a 3 ANOS e às vezes o pedido era negado. A mulherzinha da prefeitura disse que agora são 4-5 meses e que dificilmente nega-se um pedido. Devagarzinho parece que as coisas começam a se mover…

  5. O meu “arrebento” tem o meu sobrenome. Arrependi. Deveria tê-lo colocado como segundo ou terceiro pré-nome, como a maioria das pessoas aqui na Holanda faz. Agora Inês é morta!

      • Espaço para escrever nos formulários, ter que falar mil vezes”tenho DOIS sobrenomes, sem hifem”, nós temos 3 sobrenomes diferentes aqui em casa o que dá uma certa confusão em algumas repartições e instâncias, nunca lembro como eu inscrevi o “arrebento” em cada atividade (por exemplo, na natação ei coloquei só o nome do pai por preguiça de soletrar e depois não conseguia achar o pimpolho no sistema). Essas coisas. Ah! Prá pedir pizza pelo telefone com meu nome é um caos! Até eu viro Alice Cooper (o sobrenome do marido equivale a Cooper em holandês! Ha!) nessa hora.

      • Minha letra é pequena, não sofro de espaço insuficiente pra escrever nos formulários ;) Normalmente, se estou fazendo alguma coisa com o Mirco (tipo pedindo pizza), boto no sobrenome dele simplesmente porque não preciso soletrar. TODOS os meus sobrenomes brasileiros eu precisaria soletrar, porque nenhum tem nada a ver com italiano, então não faz a menor diferença se é um ou se são cinco. Eu juro que nunca tive problema com excesso de sobrenome.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *