de música, eutanásia e fim do mundo

Ontem calhou de ler esse post da Dri e de ouvir essa música

no mesmo dia, e comecei a pensar sobre o assunto morte. Não de maneira mórbida (engraçado que “morbido” em italiano quer dizer “macio”); eu sou uma pessoa pragmática, com formação médica e non-believer até a raiz dos cabelos, de modo que encaro a coisa de maneira muito natural. Nosso destino é virar húmus, e não consigo imaginar nada de mais nobre e poético. De modo que deixo aqui, em público, pra todo mundo ver, minha vontade de, quando chegar a hora, que logicamente espero que demore muito pra vir, 1) ser eutanasiada, se for o caso; não acho que sentir dor enobrece e passar anos feito um pé de couve murcho numa cama não é pra mim; 2) ser cremada, porque ocupar espaço depois de morto é totalmente out, néam; 3) OBVIAMENTE não ter missa de nada, senão eu volto do além pra puxar a perna de quem tiver encomendado um só rosário que seja; e 4) que qualquer que seja a cerimônia de adeus, por favor toquem essa música acima (caprichem no coral, tá) e/ou essa aqui, também deles, que tem uma letra linda.

“With a nuclear fire of love in our hearts” é um dos versos mais lindos que eu já li. As letras do Live são todas meio malucas, porque o Ed tende ao esotérico-espiritual-era de aquário, mas ele já escreveu tantos versos lindos que eu volta e meia me pego repetindo uma frase dele, como um mantra. Run to the Water, em particular, sempre me traz lágrimas aos olhos. Como disseram num thread de comentários de outro vídeo deles no YouTube, a sensação que a música deles me dá não é de tristeza; não são lágrimas de tristeza ou de felicidade ou de raiva, mas de sentimento puro e simples. Tinha muito tempo que eu não ouvia Live. Não vai acontecer de novo de passar tanto tempo assim sem ouvi-los; de vez em quando preciso de umas sacudidas sentimentais assim pra acordar.

Run to the Water

Oh desert speak to my heart
Oh woman of the earth
Maker of children who weep for love
Maker of this birth
‘til your deepest secrets are known to me
I will not be moved
I will not be moved

“don’t try to find the answer
When there ain’t no question here
Brother let your heart be wounded
And give no mercy to your fear”

Adam and eve live down the street from
Me
Babylon is every town
It’s as crazy as it’s ever been
Love’s a stranger all around

In a moment we lost our minds here
And lay our spirit down
Today we lived a thousand years
All we have is now

Run to the water
And find me there
Burnt to the core but not broken
We’ll cut through the madness
Of these streets below the moon
These streets below the moon

And I will never leave you
‘til we can say, “this world was just a
Dream
We were sleepin’ now we are awake”
‘til we can say

In a moment we lost our minds here
And dreamt the world was round
A million mile fall from grace
Thank god we missed the ground

Run to the water
And find me there
Burnt to the core but not broken
We’ll cut through the madness
Of these streets below the moon
With a nuclear fire of love in our hearts

Yeah, I can see it now lord
Out beyond all the breakin’ of waves
And the tribulation
It’s a place and the home of ascended
Souls
Who swam out there in love!

Run to the water
And find me there
Burnt to the core but not broken
We’ll cut through the madness
Of these streets below the moon
With a nuclear fire of love in our hearts
Rest easy baby, rest easy
And recognize it all as light and rainbows
Smashed to smithereens and be happy
Run to the water (and find me there)
Run to the water

4 ideias sobre “de música, eutanásia e fim do mundo

  1. Totalmente de acordo com vc.!
    EUTANÁSIA total!!!!!!!!!!!
    Cremação idem!!!!!!!!!
    E na-da, mas na-di-ca mêssss de velório, né?
    Já até combinei com meus filhos. Me deixem na cama e na hora da cremação me ponham no caixão e vapt-vupt!
    Também estou de acordo com a Camila: suicídio assistido, sem precisar estar doente.
    Precisamos parar de ter preconceito contra a morte!

  2. Não há além, logo vc não vai voltar pra puxar a perna de ninguém :)
    Eu não queria musiquinha nenhuma no meu velório, aliás, não quero velório, quero que sigam a tradição nordestina de beber o morto. Eu acredito no lado de lá, e quero receber happy vibes, não chororô. Bjs Dri

  3. Sou super favorável à eutanásia e simpática à ideia de ser possível ter controle sobre o fim da própria vida. Viagem minha, mas imagina poder escolher como e quando morrer, poder fazer isso de maneira indolor, confortável e na hora em que der na telha, numa clínica de suicídio assistido, sem precisar estar doente?

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