Uma pequena elucidação sobre o background: hoje foi criado, oficialmente, o Clubinho das Pessoas Desesperadas Por Morar no Interior do Zaire. A facção feminina do clubinho é composta por esta que vos escreve, Fabiola e Marta, a mulher do Marc (o ítalo-americano e o sócio masculino do clubinho). Eu, carioca; Fabiola, que nasceu no interiorrrrrrrrr de São Paulo mas estudou na capital e é cidadã do mundo; Marta, que nasceu aqui no interior do Zaire mas estudou em Roma e casou com o Marc, criado em NY, of all places. Como terça-feira mulher paga menos no cinema aonde costumo ir com o Mirco há anos, decretou-se que terça-feira vai ser dia de cineminha pras moçoilas. A Marta já começou logo furando, porque a Melissa hoje acordou com diarreia E perebas várias (ninguém merece), de modo que fomos eu e Fabiola na sessão das 21:55 (que na verdade começa às 22:15 por causa dos quilômetros de trailers que mostram antes). Como vocês estão carecas de saber, eu assisto a qualquer porcaria, até filme em que a mulher acorda diva maquiada de cabelo escovado salto alto e hálito de mel. Mas a Fabiola é mais seletiva, gosta de filmes fora do circuito, umas paradas hard core iranianas, suecas, de arte, sei lá o que mais, então deixei que ela escolhesse. Pois ela escolheu The Impossible. Minhas considerações sobre o filme:
– Como é possível um casal de olhos azuis ter dois filhos de olhos castanhos? Pra quê que perdemos tanto tempo estudando aquela parada de azão/azão/azinho/azinho na escola?
– Leve lenços. Muitos. Você vai chorar e fungar terrivelmente o filme inteiro. Se puder levar um bicho de pelúcia pra apertar muito nos momentos de nervoso, leve.
– Se você tiver filhos, aconselho vivamente tomar alguma bebida alcoólica bem forte antes, em tempo de dormir logo no começo e perder o filme todo; assim você poupa os seus nervos e não fica o tempo todo elocubrando sobre o que aconteceria se fosse você numa situação dessas, que decisões tomaria, quanta dor aguentaria, quanta raça teria, o que aconteceria com seus filhos. Eu e Fabiola chegamos à conclusão de que desmaiaríamos imediatamente de nervoso e dor.
– Se você tiver estômago fraco, feche os olhinhos logo que a Maria e o Lucas saírem da água, depois do lance do colchão que aparece no trailer. A MEGA ferida na parte posterior da perna da mulher é si-nis-tra e muito bem feita, apesar de aparecer rapidinho; você vai ficar bolado(a).
– Não tenho ideia de como filmaram esse negócio, mas ficou MUITO bem feito. Tudo. As tomadas embaixo d’água, as feridas, as tomadas aéreas, tudo.
– Já se passaram 8 anos desde o tsunami, caráleo… Parece que foi ontem.
– As maiores calamidades naturais sempre pegam os mais pobres e fodidos do mundo, impressionante. Muito tocantes as tomadas de cima – aquela devastação toda é de cortar o coração. Lembro que quando aconteceu o tsunami fiquei horas em pé olhando pra televisão feito um zumbi, paralisada pela tristeza.
– O roteiro tem uma violação grave do esquema “show, don’t tell”, mas perdoei porque o resultado final ficou muito bom.
– Não exagere na cafungada no cangote nos seus filhos quando chegar em casa. Eu quase acordei a Carol.
Já adicionei-o em “Meus Favoritos”.
Muito bom.
Grata.