L’Amica Geniale – Elena Ferrante
O que dizer desse livro?
Basicamente todas as minhas amigas que leem me mandaram ler esse livro – na verdade a tetralogia toda, obviamente. Confesso que resisti por causa do hype, que quase sempre me decepciona. O livro demorou um pouco pra me pegar, mas quando engrenou, CHER ME ABANA! Que desenvolvimento fantástico de personagens! Que ambientação maravilhosa! Que riqueza de plot twists!
Se você ainda não leu, leia. Depois ouça os dois É Pau, É Página que já gravamos comentando os dois primeiros livros (os outros episódios sairão em algum momento, prometo).
Tem gente que diz que é “chick lit”, literatura de mulherzinha, mas tem que ser muito estúpido pra fazer uma afirmação dessas. Primeiro porque o conceito de chick lit já é idiota e menosprezante por si só; segundo porque esses livros falam de humanidade, de amizade, de sentimentos, de histórias de pessoas, tudo entrelaçado com uma realidade muito diferente da nossa, nos bairros pobres de Nápolis no século passado. Eu sou péssima de entrelinhas e sutilezas, portanto recomendo ouvir o EPEPa depois de ler, pra ter uns insights geniais que as minhas colegas de podcast ofereceram e entender um monte de coisas que podem passar batidas durante uma primeira leitura.
Vou botar aqui um trecho em italiano:
“Scoprii che mi piaceva moltissimo ballare, avrei ballato sempre. Lila invece aveva quella sua aria di chi vuol capire bene come si fa, e pareva che il suo divertimento consistesse tutto nell’imparare, tant’è vero che spesso se ne stava seduta a guardare, studiandoci, e applaudiva le coppie più affiatate.”
Traduzido em português:
“Descobri que gostava muito de dançar, dançaria sempre. Já Lila tinha aquele ar de quem quer entender bem como se faz, e parecia que sua diversão consistia apenas em aprender, tanto é que frequentemente ficava sentada, olhando, nos estudando, e aplaudia as duplas mais entrosadas.”
(um agradecimento especial pra Aline Bergamo, queridona, que me passou a tradução)
Eu amo esse parágrafo porque ele define perfeitamente a Lila, personagem com quem acabei me identificando mais ao longo da leitura (e coisa que quem ouviu os EPEPa sabe).
Depois que li o primeiro, engatei direto no segundo, no terceiro e no quarto, mas não vou comentar todos seguidos pra não ficar chato.
The Color Purple – Alice Walker
Sim, é ele mesmo, A Cor Púrpura. Lemos juntos pro Clube do Livro da Mamilândia, e foi extremamente doloroso, viu. É uma história terrivelmente triste mas também bonita, e cheia de insights brilhantes vindas das mentes de personagens com pouco estudo, humildes, sofridas, porém maravilhosas. Sintam o drama:
“Dear Nettie,
I don’t write to God no more, I write to you.
What happen to God? ast Shug.
Who that? I say.
She look at me serious.
Big a devil as you is, I say, you not worried bout no God, surely.
She say, Wait a minute. Hold on just a minute here. Just because I don’t harass it like some peoples us know don’t mean I ain’t got no religion.
What God do for me? I ast.
She say, Celie! Like she shock. He gave you life, good health, and a good woman that love you to death.
Yeah, I say, and he give me a lynched daddy, a crazy mama, a lowdown dog of a step pa and a sister I probably won’t ever see again. Anyhow I say, the God I been praying and writing to is a man. And act just like all the other mens I know. Trifling, forgitful and lowdown.
She say, Miss Celie. You better hush. God might hear you.
Let ‘im hear me, I say. If he ever listened to poor colored women the world would be a different place, I can tell you.”
Eu vi o filme, mas faz tanto tempo que não tenho mais quase recordação alguma, e ainda não decidi se vou continuar assim ou se vou arrumar o filme pra ver. Algo me diz que não tenho mais estômago pra esse tipo de filme; se o livro já foi assim doído, imagina o filme.
De qualquer forma, é um clássico e deveria ser leitura obrigatória pra todo ser humano.