Semana movimentadíssima aqui na bota.
Berlusconi foi absolvido ontem não tenho palavras, honestamente. Perdeu-se a chance de mostrar que esse é um país decente, onde a Justiça funciona. Mas não. Ficou-se com o gosto amargo na boca de ser governado por um homem que é dono das três redes de TV privadas do país e controla as outras três, que são do governo; que é dono das maiores redes de lojas de departamentos; que tem não sei quantas cadeias de supermercado; que é dono da maior distribuidora de filmes do país; um homem pro qual tinham sido pedidos OITO ANOS de prisão por crimes de corrupção e desvio de dinheiro, mas que foi absolvido do segundo e o primeiro caso prescreveu. COMO ASSIM, PRESCREVEU? Imaginem que lindo seria se ele tivesse sido preso? Imaginem como a Itália passaria a ser vista com outros olhos, como teria virado um país sério?
Nada. O oba-oba continua.
O outro oba-oba da semana foi a greve dos florestais da Calábria. São 11.000. Asseguro-lhes que a Calábria não tem tanta floresta assim a ponto de precisar de 11.000 deles. Acontece que o sul da Itália é muito pobre e carente de empregos. Na Calábria e na Sicília, onde a máfia é particularmente forte e influente, essa distribuição de cargos públicos rola solta. É um instrumento de política social, de conquista de votos e de favores. E agora seu Berlusca, com a desculpa de que é necessário abaixar os custos pra poder reduzir os impostos (é CA-LÁ-RO que nenhum imposto vai ser reduzido, mas enfim), resolveu mandar essa cabeçada coçadora de saco embora. Aí neguinho fica pau da vida e fecha as estradas, principalmente a Salerno Reggio Calabria, uma artéria viária importantíssima da Itália meridional. Dois dias de greve, tudo parado, brigas, confusão. Não sei como vai acabar essa história. Sei que esse povo tem mais é que ser mandado embora mesmo, mas se não forem criados empregos pra essa gente, o que é que eles vão fazer da vida?
E o último bafafá foi o caso das duas escolas que chegaram a considerar seriamente a hipótese de tirar o presépio e de substituir, em uma musiquinha da peça de Natal, a palavra Gesù (Jesus) por virtù (virtude), em respeito às crianças muçulmanas. Notem que a iniciativa partiu das próprias escolas; a comunidade muçulmana não teve nada a ver com a história. Criou-se uma confusão ao redor disso que demonstra claramente o amor que os italianos têm pelo drama. Tudo é motivo pra virar um dramalhão, é impressionante! E divertido :)
Particularmente a única coisa que eu tenho a dizer sobre o assunto é o que vocês já sabem: ESCOLA NÃO É LUGAR DE RELIGIÃO, NÃO IMPORTA QUAL. O resto está sendo comentado vivamente no blog da Cora.