ai meus sais

Em casa de gente maluca ninguém escapa da doideira, nem os cachorros. Vejamos:

. Leo fugiu pra namorar semana passada. Ficou dias fora e voltou macérrimo, com priapismo e dor nos músculos. Passou mais outros tantos dias sentado na cadeira em frente à lareira da cozinha, se recuperando da atividade intensa, tomando vitaminas e anti-inflamatórios. Ainda não está 100%. Ele adora salame, mas não come presunto. Ontem tentamos enganá-lo pela enésima vez, enrolando uma fatia de presunto numa de queijo, que ele ama. Ele cheirou, pegou com a boca, jogou no chão, separou o queijo do presunto, comeu o queijo e ficou olhando pra nossa cara. O presunto ficou lá no chão.

. Leguinho faz festa quando acaba de fazer cocô e é completamente viciado em pedaços de pau, que ele rói até não sobrar nada. Quanto mais friável for a casca, melhor. Uma vez, na falta de um pedaço de madeira assim à mão, ele simplesmente pegou um da lareira – aceso. Entrou na sala desfilando com aquele treco fumegante, uma ponta na boca e a outra ponta em brasa.

. Virgola é o aspirador de pó da casa: tudo que cai no chão ela traça. Também tem ouvido de tuberculoso e é sempre a primeira a ouvir se tem alguém chegando.

. Demo tem pêlo comprido e tudo o que vocês podem imaginar gruda naquela barriga peluda dele. Quando fazemos carinho nele acabamos sempre sentindo alguma coisa espetando a mão: um graveto, uma folha seca, um pedaço de casca de fruta, carrapichos. A barriga dele é rosa, assim como a parte interna da boca. Ele chora quando fazemos carinho nele. E quando paramos, fica roçando a cabeça contra a nossa mão, pedindo mais.