como tem gente cri-cri nesse mundo!

Vamos por partes, como sempre.

Primeiro: eu respondo SEMPRE a TODOS os e-mails que me mandam. Quando não respondo logo de cara, é porque o e-mail deu tilt, coisa que infelizmente acontece muito freqüentemente. Qual seria o problema de dizer “não respondo a e-mail”? Assim como deixo bem claro, no TEMPLATE do paca, que não gosto de comments, não teria nenhum problema em dizer que não gosto de e-mail. Coisa mais sem lógica. E depois a idiota sou eu.

Segundo: eu não “não me dei bem” na Alemanha. Não gostei de Berlim, o que é uma coisa totalmente diferente, como qualquer pessoa semi-alfabetizada é capaz de compreender. Depois a idiota sou eu…

Terceiro: se eu falasse só de coisas bonitas e legais, esse seria um blog docinho e fofo. Eu não sou docinha e fofa e minha única intenção é divertir as pessoas – admitam, vocês se divertem, tanto é que continuam voltando. Provas disso são as inúmeras amizades que fiz com Brasileiras Legais que Moram na Alemanha e Não se Acham AAAAAS Alemãs, os e-mails educados e inteligentes que recebo de gente que não concorda com o que eu digo mas acha graça mesmo assim, e principalmente o fato de que a Alemanha é, desde o Incidente Berlim, o segundo país que mais visita o paca. Gozado, né?

As coisas mais engraçadas da vida são as cafonices, as gafes, os imprevistos, os incidentes bobos, as trapalhadas. Qual é o programa humorístico que faz piada de acontecimentos normais? As memórias mais duradouras de uma viagem são as coisas que deram certo ou o que deu errado? Eu falo de coisas boas aqui, sim, falo bem de pessoas sobre as quais tenho algo a dizer, falo de coisas bonitas, de comidas boas, de livros maravilhosos, mas tanto não tem graça que ninguém lembra. Já pararam pra pensar por que eu nunca falei dos meus outros vizinhos? Porque são todos normais. Os únicos vizinhos bizarros e incomodativos que eu tenho são a Suely Maria e seu companheiro com pinta de cafetão. Se eu começar a falar dos outros, que são tão normais que a gente nem lembra que eles existem, isso aqui vai ficar um porre.

Quarto: o botão “fechar” é serventia da casa. Em vez de ficar torrando o meu saco, vá fazer algo de mais útil, ou ler alguém que só escreva coisas com as quais você concorda.

Quinto: se eu caso ou não caso, isso é problema meu. Se todo mundo que não casa começar a ser rotulado disso ou daquilo, vai ser uma beleza. Conheço uma dúzia de brasileiras muito decentes e competentes e que escrevem muito bem em blogs muito badalados que se ofenderiam imensamente com esse comentário idiota.

Sexto: nome cafona não significa NECESSARIAMENTE baixo nível, mas vamos admitir que a probabilidade é grande. Pais bem educados dificilmente botam nomes esdrúxulos nos filhos, e pais bem educados têm mais probabilidade de criar filhos bem educados. Pura lógica, mas lógica requer inteligência, sabe, nem todo mundo é capaz de absorver esses conceitos óbvios. E prestaram atenção naquele “não significa necessariamente…” ali em cima? É importante, viu?

Sétimo: EU dizer que EU sou ex-médica é ofensivo pra quem, cara-pálida? Isso é assunto meu, se EU me formei e resolvi não exercer isso não é ofensa pra ninguém – é uma decisão minha e pronto, e não quer dizer absolutamente nada, a não ser isso mesmo: que eu me formei e resolvi não exercer. Se dizem que o Harrison Ford já foi carpinteiro (ex-carpinteiro, pois), isso é uma ofensa pros carpinteiros do mundo? Ora, por favor, vamos permanecer dentro dos limites da sanidade mental, tá?

Oitavo: parasita quem? Se eu pago todos os meus impostos direitinho e pontualmente, TANTO AQUI QUANTO NO BRASIL? Trabalho feito um cachorro, penso em três línguas diferentes por dia, cuido da casa, faço compras, mantenho vivas as minhas plantas, ajudo na contabilidade, levo a família inteira ao médico e meço a pressão de todo mundo, entrego faturas, pago contas, busco peças, atendo telefone, faço a contabilidade, vou ao banco falar com o diretor, brigo com cliente que não paga, dirijo caminhão e empilhadeira, dou banho nos 4 cachorros, ajudo a plantar tomate e tulipa, faço pequenos consertos em casa, traduzo, ensino, cozinho, organizo, arquivo, escrevo, perco o meu tempo dando satisfação a gente chata, não erro uma crase e ainda me chamam de parasita? E que história é essa de não cuspir no prato em que comi? O governo italiano por acaso me sustenta? Me dá alguma coisa de graça? Eu estou trazendo problema pros outros aqui? Quem traz problemas pro país são os marroquinos que se jogam na frente dos carros pra ganhar indenização, são as enfermeiras polonesas que botam em risco as vidas dos pacientes porque não entendem as instruções em italiano, são os chineses que trabalham por salários de fome e roubam o emprego dos italianos, são os mafiosos do sul que matam a torto e a direito. Tenho todo o direito de cuspir no prato, sim, porque eu ajudei a preparar a comida que estava nele.

E quer saber? Vá encher o saco de outro, faz favor.

p.s.: A data da viagem à Argentina ainda não foi decidida, porque ainda não sei exatamente quando vou poder ir.

p.s.2: No outro fim de semana (não esse, o outro) estaremos em Dusseldorf. Dicas…?