resposta

Oi Rosemary, tudo bem? Primeiro de tudo, obrigada pela sua educação.

Eu não entendi uma coisa: por que marroquino não é legal, e sim magrebino? Marroquino não é quem veio do Marrocos? Aqui quando usam magrebino é sempre em um sentido muito ambíguo, significando vagamente norte-africano. Como a minha experiência pessoal é com marroquinos mesmo, usei marroquinos.

A história das enfermeiras polonesas me veio à mente ontem porque naquela manhã eu tinha ouvido, na rádio RAI, uma matéria exatamente sobre isso. Agora que a Polônia faz parte da Comunidade Européia, profissionais poloneses que queiram vir trabalhar aqui não precisam mais fazer prova de conhecimentos lingüísticos – uma decisão tão idiota quanto a do Itamaraty, de não mais exigir fluência em Inglês pros novos diplomatas. Não importa de onde vem a criatura; se vai trabalhar num outro país, tem que falar a língua, oras! Nada mais lógico, mas enfim, lógica anda em falta no mundo. O problema é que aqui faltam enfermeiros (faltam tipo 40.000), já que, como no Brasil, e por motivos que ignoro, enfermagem é uma carreira considerada meio, digamos, meio coisa de Suely Maria. E aí neguinho sai pescando enfermeiros em tudo que é lugar, pagando uma baba (já vi anúncios oferecendo € 3.350,00/mês). Só que é uma coisa séria, né. Uma enfermeira que dá um remédio errado, ou faz um curativo errado, ou encaminha um paciente errado pra um procedimento porque não entendeu o que estava escrito no prontuário é uma coisa MUITO grave. Eu nunca tinha ouvido falar dessa história e fiquei meio assustada quando pintou isso no rádio. Mas talvez nem tivesse comentado se não tivesse caído como uma luva pra ilustrar o que eu queria dizer àquela mala que me escreveu.

Eu acho, sim, que a maioria dos extra-comunitários que caem de pára-quedas aqui (ou melhor, vêm de barquinho até Lampedusa) trazem problemas, de verdade. Talvez porque a Itália não tenha ex-colônias, por isso nenhum dos grupos extra-comunitários que vêm pra cá fala italiano, e isso dificulta enormemente a integração. Já falei aqui várias vezes de como é, de forma geral, distribuída a criminalidade aqui na Itália; não vou me repetir. Confirmo o que eu sei a respeito de marroquinos – de outras nacionalidades não posso dizer nada: CEM POR CENTO dos marroquinos que já passaram pela oficina, e são realmente muitos, deram algum tipo de problema, do mais grave, com advogado e Carabinieri e ameaças de morte no meio, à simples encheção de saco. Cem por cento é muito, muito mesmo, mesmo quando a amostra é relativamente pequena. Conhecemos outras pessoas que têm microempresas e contam histórias parecidas, com estatísticas semelhantes. Não dá pra fingir que isso é normal.

Um abraço,

Leticia

p.s.: explica mesmo essa história do magrebino que eu fiquei curiosa!