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Ganhei uma turma nova. É um delicioso grupo de três pessoas, de nível intermediário-avançado; nos encontramos quatro horas por semana, às quartas à tarde e aos sábados de manhã. Foram uma mais que grata surpresa, e não só porque recebo mais por turmas de mais de três alunos. Temos S., namorando há 13 anos, apaixonado pela Escócia e assinante da revista Celtica, que eu nem sabia que existia. Temos M., 34 anos, casado com a irmã de S., consultor de informática, parceiro de xadrez de S. Temos F., 28 anos, casada, um filho de dois anos e uma gravidez de dois meses, formada em Filosofia, terminando um Master em Filosofia da Ciência, seja lá o que isso significa. Todos gostam de viajar, de ver coisas diferentes, de ir ao cinema, de ler ficção científica, fantasia e romances históricos. Não é uma bênção?

Além deles, agora me encontro na seguinte situação pedagógica: tem a Quarentona Estressada, que tem aulas de Português duas vezes por semana e rende um outro post só pra ela; tem o Burbone e a Burbina, pai médico do trabalho e filha figuraça, que têm aulas de Inglês Elementar e são fãs dos meus cookies; tem o Aluno Endocrinologista, em Perugia, que também faz Inglês. Agora parece que vai rolar uma outra turma em Collazzone, que é meio longe daqui mas pagam minha gasolina, então não tem grilo. Nada confirmado ainda, mas outras coisas estão surgindo. Bom.

Bicha Pedagógica ligou pro S. semana passada, depois da aula, pra perguntar o que ele tinha achado. Todo mundo em silêncio na recepção, como se fosse uma conversa reservada, e Bicha Pedagógica repetindo tudo o que o menino falava do outro lado da linha: que tinha levado um choque porque imaginava que o curso seria mais fácil, que não imaginava que ia cair com alguém que falava Inglês tão bem, que ele e os outros se sentiram transportados pros EUA (e confesso que foi difícil conter a risada). O melhor de tudo foi que o Chefe Catanese estava na sala e ouviu tudo. Mais tarde veio comentar comigo que tinha falado pessoalmente com o Burbone, que declarou estar satisfeitíssimo com as aulas. Que eles (e eu também) se divertem, eu sei, porque passamos a aula inteira rindo. Volto pra casa exausta, porque Burbina só tem 9 anos e tem muita dificuldade em acompanhar o ritmo do pai, que bem ou mal se lembra de muita coisa, mas me divirto, e isso é absolutamente crucial.

E pra comemorar a esplêndida relação custo-benefício do meu salário de dezembro, me dei de presente um par de horas na minha livraria preferida. Comprei um livro de exercícios de Francês básico, os contos de Lampedusa, dois Camilleri da série do Commissario Montalbano, Lady Chatterley’s Lover, Billy Budd. Em casa me esperam ansiosamente The Importance of Being Earnest, Bartleby the Scrivener, L’Étranger (olha como eu sou otimista), entre outros. Quase comprei o guia Lonely Planet da Irlanda, mas era caro pra burro e resolvi não exagerar. Até porque daqui a uma semana tem Dusseldorf, e mais tarde tem Argentina.