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Ando meio assim sem sono, e quando acordo cedíssimo pego um livro, obviamente, e detono o bichinho. Domingo de manhã detonei La Stagione della Caccia, mais um Camilleri bem legal. Hoje foi a vez de The Importance of Being Earnest, de Oscar Wilde, que apesar de ser uma peça de teatro (eu ODEIOOOOOOOOOOOOOOO teatro) é bem legalzinho, mordaz, malvado, divertido – um ótimo passatempo. De hoje até a hora de viajar, na segunda, provavelmente só vou ter tempo de ler mais um mísero livrinho, porque tenho mil coisas pra fazer. A agitação pré-viagem ainda não tomou conta de mim, provavelmente porque eu detesto argentinos, detesto espanhol, detesto frio, vou pisar no Brasil só por dois dias e meio em Foz e não vai dar pra ir ao Rio, porque não tenho todo o dinheiro de que precisaria pra comprar tudo o que eu quero, porque meu cabelo tá uma merda, porque a situação econômica aqui (e com “aqui” me refiro à Itália no bojo) tá mais preta que o bico do peito da nega do leite.

A tradução legal que preciso entregar antes de viajar já foi devidamente terminada, agora falta dar uma superhipermegarevisada, trabalho muito dificultado pelo fato de que eu não tenho dicionário de português aqui. Se as mulas do hotel em Foz não derem pra trás, pelo menos esse problema vai ter sido resolvido nos próximos trabalhos, porque o Houaiss em CD já foi expedido pro Paraná. Também pretendo comprar um teclado brasileiro, pra parar com essa palhaçada de ter que acentuar na mão.

E juntamente com a revisão da tradução, com as aulas que me restam a dar, com as manhãs na oficina e com o dia-a-dia da casa, ainda tenho que pegar a mala na garagem, selecionar as roupas de verão que vou levar, achar lugar pra botar o resto (e essa vai ser a parte mais difícil, porque os armários estão cheios de volumosas roupas de inverno e não tem lugar nem pra mais uma calcinha, quanto mais pra blusinhas e afins), deixar uns molhinhos prontos pro Mirco poder almoçar sem estresse enquanto eu não estiver, tomar cuidado pra não deixar nada de estragável na geladeira senão o Mirco esquece e quando voltarmos vai ter um fungo gigante e mutante dentro, passar as roupas de verão que estão desde setembro enfiadas em malas na garagem, preparar o beauty case, o kit quelóide e o kit protetor solar fator um milhão, fazer uma lista do que eu pretendo/preciso comprar, essas coisas. Caraca, agora lembrei que também tenho que levar os cachorros pra vacinar.

E aí quando voltar vai ser ralation total: em abril vence meu IPVA, meu INPS, meu permesso di soggiorno, e o relaxamento do meu cabelo. Maravilha.

Mas abril também é o mês do meu aniversário. Dia 17. Cês já pensaram no que vão me mandar de presente? Hein?